27/01/2013 23h35 - Atualizado em 28/01/2013 20h17

Famílias optam pela internação de dependentes de crack

Fantástico acompanha o dia-a-dia de três famílias paulistanas que convivem com o problema e registrou as dificuldades dos pais que tentam salvar os filhos da droga.

Nesta semana, começou a funcionar, em São Paulo, um projeto voltado para o tratamento de dependentes de crack. O programa prevê até a internação compulsória, determinada pela Justiça, sem pedido do paciente ou da família.

O Fantástico acompanhou o dia-a-dia de três famílias paulistanas que convivem com o problema e registrou as dificuldades dos pais que tentam salvar os filhos da droga.

Três famílias de São Paulo, e um mesmo drama: o crack.

Dona Maria de Lurdes tenta salvar dois filhos dependentes da droga: Salomão, que aceita ser tratado e Marcelo, que mora nas ruas.

"Para vocês terem uma ideia, minha família acabou depois dos meninos nas drogas, família foi destruída, toda”, disse a operadora de caixa Maria de Lourdes Borges de Oliveira .

O senhor Samuel, por várias vezes, tomou atitudes desesperadas pra ajudar o filho, que hoje tem 16 anos. É o que mostram as imagens de dois anos atrás no vídeo ao lado.

“Ás vezes que ele fugia eu nunca tava perto, nunca tava em casa, porque a mãe acabava soltando”, disse o motorista de van escolar Samuel Cândido de Paula.

O filho de Dona Janicleide sofre de esquizofrenia. Os sintomas pioraram depois do crack. Eles moram em Cotia, na grande São Paulo.

“A gente sofre tentando bater nas portas dos hospitais”, disse a dona de casa Janicleide de Araújo Xavier.

O crack tem um poder devastador. Poucos segundos depois de uma tragada, a droga chega ao cérebro e o coração bate mais forte. Provoca sensações como euforia, êxtase, ansiedade. O consumo compromete o funcionamento do cérebro, do coração, pulmão, rins e reduz as defesas do organismo.

A dependência pode surgir depois de a pessoa experimentar o crack umas poucas vezes.
Muitos usuários acabam fugindo de casa. Sem dinheiro, roubam e até se prostituem para sustentar o vício.

Nesta semana, o governo do estado reuniu vários serviços de atendimento a dependentes químicos num único endereço, próximo à região conhecida como Cracolândia, no centro da capital.

O programa prevê até a internação contra a própria vontade do viciado, com base numa lei federal, de 2001. A procura foi grande.

“Puxei na internet, achei, falei: não, eu vou correr lá, vou pedir ajuda. Porque eu não posso mais perder os meus filhos”, disse a dona de casa.

Chegar até o local não significa internação garantida. O processo até uma clinica é longo, com entrevistas: psicólogos, médicos, enfermeiros, assistentes sociais e desde segunda-feira funciona também um plantão judiciário. Um juiz, um promotor, defensor público e representantes da OAB analisam caso a caso.

São três tipos de internações: a voluntária, que é quando o próprio usuário se apresenta.  
A involuntária, que acontece quando alguém da família ou um responsável faz o pedido. E a compulsória, que não precisa de autorização da família nem da pessoa, e só pode ser determinada pela Justiça.

“É a exceção, da exceção, da exceção. Só quando a pessoa esta num estado de prostração geral, com tuberculose, AIDS, fumou crack a noite inteira, se fumar mais uma pedrinha vai morrer. Ou o outro lado. Se tiver uma agitação muito grande, enfim, só quando tiver oferecendo risco à sua própria vida ou à vida dos outros”, disse o coordenador do plantão judiciário, Antônio Malheiros.

Dona Maria e a mulher de Salomão conseguiram marcar uma avaliação para ele.
Mas, no outro dia, logo cedo, a mãe descobre que Salomão usou drogas mais uma vez. E ainda se feriu com uma faca.

As histórias correm em paralelo.

Dona Janicleide conseguiu que o filho Jeferson passasse a noite no centro de atendimento. Mas, pela manhã, ela descobriu que o rapaz havia fugido.

“A responsabilidade é sempre do serviço. Só que um serviço de saúde não é um espaço prisional. Nós estamos aqui pra cuidar das pessoas e não pra prender as pessoas”, disse a coord.de saúde mental, álcool e drogas, Rosângela Elias.

Só dois dias depois ela encontrou o filho, a onze quilômetros de distância do centro de atendimento e conseguiu interná-lo.

Seu Samuel achou o filho, por conta própria, na Cracolândia e também conseguiu uma vaga pra internar o rapaz.

“Eu reconheci meu filho meio de longe, fui chegando até metade do caminho, identifiquei que era ele mesmo, eu e minha esposa agarramos ele e fomos embora”, conta Samuel.

Em quatro dias, foram 34 internações. Nenhuma compulsória.

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