28/03/2013 12h27 - Atualizado em 28/03/2013 13h42

É 'irrealista' recuo do IPCA para meta central de 4,5% em 2013, admite BC

Declaração foi dada pelo diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton.
'Muita coisa' pode ser feita para convergência, mas só em 2014, disse ele.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, admitiu nesta quinta-feira (28) que é "irrealista" considerar um cenário no qual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que serve de referência para o sistema de metas de inflação, recue para 4,5% neste ano - valor da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional.

"Na minha visão, é irrealista [esse cenário de] convergência da inflação para 4,5% em 2013. Em 2014, acredito que muita coisa ainda possa ser feito para garantir que a convergência ocorra", afirmou o diretor do Banco Central.

Segundo Carlos Hamilton o uso da taxa básica de juros é o "pior remédio" contra o crescimento da inflação, à exclusão de todos os outros – ou seja, é um remédio ruim, mas os outros são piores.

A declaração, segundo o próprio Carlos Hamilton, é uma alusão ao ex-primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, durante a segunda guerra mundial, que teria dito que a "democracia é o pior dos regimes - à exclusão de todos os outros".

Mesmo apontando o juro como principal instrumento de combate à inflação, Hamilton, ao ser questionado sobre qual a ordem dos instrumentos que o BC está utilizando, não quis responder. "Decisão de política eu não vou falar. Vamos aguardar. Decisão de política você toma e comunica", afirmou o diretor.

Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC deve, teoricamente, calibrar os juros para atingir as metas centrais de inflação pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 

Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Os dados mostram que o BC manteve a taxa básica de juros inalterada na mínima histórica, em 7,25% ao ano, atual patamar, desde outubro do ano passado, mesmo com a deterioração do cenário de inflação registrado no primeiro trimestre deste ano – explicitado no relatório de inflação divulgado após a reunião.

A expectativa do mercado é que os juros básicos comecem a subir em maio próximo, terminando 2013 em 8,5% ao ano. Deste modo, os analistas dos bancos preveem uma alta de 1,25 ponto percentual na taxa de juro no decorrer deste ano.

Previsões do BC e do mercado
O Banco Central divulgou nesta quinta-feira, mais cedo, suas reestimativas para o comportamento da inflação em 2013 e 2014. Com as novas previsões, o BC informou que vê o IPCA acima de 5% em todos os anos do governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2014.

Para 2013, a previsão oficial do Banco Central para o IPCA, que até dezembro do ano passado estava pouco abaixo dos 5%, passou para 5,7% (no cenário de referência, que considera juro e câmbio estáveis) e para 5,8% no cenário de mercado (que contempla as previsões dos analistas dos bancos para a taxa básica de juro da economia e para o valor do dólar).

Já para 2014, a estimativa do BC, que também estava pouco abaixo dos 5% em ambos os cenários, passou para 5,3% no cenário de referência e para 5,1% no cenário de mercado.

A expectativa de inflação da autoridade monetária está alinhada com o que pensa o mercado financeiro para este ano, visto que os analistas dos bancos estimam um IPCA de 5,71% para 2013. Entretanto, para o ano que vem, a previsão do mercado ainda é mais alta que a da autoridade monetária (5,6%).

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