25/02/2013 14h41 - Atualizado em 25/02/2013 14h41

BNDES tem lucro de R$ 8,2 bi em 2012, 9,6% inferior a 2011, de R$ 9 bi

Receita com financiamentos sobe 26% e inadimplência cai para 0,06%.
'Ano foi marcado pela instabilidade dos mercados financeiros', diz banco.

Do G1, no Rio

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) teve lucro líquido de R$ 8,2 bilhões em 2012, 9,6% inferior ao do mesmo período do ano passado, de R$ 9 bilhões, informou o banco em nota nesta segunda-feira (25). O BNDES ressaltou que o ano foi marcado pela instabilidade dos mercados financeiros e pelo fraco desempenho das bolsas de valores.

A redução do lucro também é explicada, em parte, pelo impacto positivo da provisão para risco de crédito no resultado de 2011, que somou uma receita de R$ 717 milhões, informou o banco.

"Isso ocorreu em função de eventos não recorrentes de recuperação de créditos, que geraram uma receita de R$ 881 milhões naquele exercício. Em 2012, tais receitas não se repetiram. Ao contrário, o banco registrou despesa com provisão para risco de crédito no valor de R$ 320 milhões, refletindo o crescimento da carteira de financiamento no período".

Segundo o banco, a maior contribuição para o lucro veio dos resultados com financiamentos a investimentos. O desempenho positivo foi composto, basicamente, pelo resultado das operações de crédito e repasse (renda fixa), que somou R$ 9,5 bilhões, 26% a mais em relação ao exercício de 2011.

O BNDES ressaltou que o resultado, “em um cenário de redução de taxas promovida pelo BNDES em 2012, evidencia a boa gestão da carteira e está em linha com os esforços do governo para estimular o investimento produtivo e as novas condições do mercado de crédito, mais amplo e competitivo”.

Luciano Coutinho fala sobre o desempenho do BNDES em 2012 (Foto: Lilian Quaino/G1)Luciano Coutinho fala sobre o desempenho do
BNDES em 2012 (Foto: Lilian Quaino/G1/Arquivo)

O segmento de renda fixa contribuiu com 67,2% e o de tesouraria (R$ 4 bilhões) com 28,3% para o resultado bruto do BNDES em 2012. O aumento do resultado de renda fixa é resultado da expansão de 15,5% da carteira de crédito do banco, que, por sua vez, resultou do crescimento do volume de operações realizadas no período.

As operações de renda variável, que, segundo o banco, "têm historicamente contribuído de forma expressiva para o lucro do Sistema BNDES, refletiram, no ano passado, o impacto da crise financeira internacional nas empresas nas quais participa".

No exercício de 2012, houve redução de R$ 4,2 bilhões (81,5%) no resultado bruto de renda variável, que somou cerca de R$ 1 bilhão. No mesmo período de 2011, o valor registrado foi de R$ 5,2 bilhões. O resultado também foi afetado pela Resolução 4175, que diferencia o horizonte contábil dos investimentos de acordo com o modelo de negócios do BNDES, com ênfase no longo prazo.

Nesse caso, explicou o banco, a variação negativa do valor justo de ativos classificados como disponíveis para a venda somente será registrada no resultado quando a venda for efetivada.

O banco ressaltou que, mesmo com essas condições, o valor dos ganhos não realizados da carteira de participações societárias – diferença entre o valor de compra da ação e sua cotação no encerramento do exercício – foi expressivo ao fim de dezembro, equivalente a R$ 12 bilhões (17,8%).

Em 2012, os desembolsos do BNDES atingiram R$ 156 bilhões, distribuídos entre 990 mil operações, para 261 mil pessoas físicas e jurídicas, números recordes. Do total, R$ 87 bilhões foram aplicados fora da região Sudeste, contribuindo para o processo de descentralização do desenvolvimento.

Inadimplência
O banco considera que, apesar das incertezas nos mercados financeiros e de capitais, a inadimplência do Sistema BNDES ficou em nível reduzido: 0,06% no ano, inferior ao registrado em dezembro de 2011 (0,14%) e o mais baixo da história do banco.

A inadimplência média do Sistema Financeiro Nacional, conforme o Banco Central, em dezembro de 2012, foi de 3,6%,

"A baixa inadimplência e o perfil de crédito refletem a consistência das políticas operacionais do BNDES. É resultado, sobretudo, da qualidade da gestão da sua carteira de crédito, que busca compatibilizar taxas de juros reduzidas e prazos compatíveis com projetos de longa maturação", diz o banco em nota.

Posição financeira
O patrimônio líquido do Sistema BNDES somou R$ 52,2 bilhões, correspondendo a um patrimônio de referência (PR) de R$ 89,6 bilhões, inferior ao total de R$ 99 bilhões obtidos em 31 de dezembro de 2011. O banco explica que a redução do PR deve-se, principalmente, à desvalorização da carteira de ações a valor de mercado no período; o efeito se dá em contrapartida ao patrimônio líquido, e à distribuição de dividendos complementares sobre os lucros dos exercícios de 2010 e 2011 pagos em 2012.

O índice de adequação de capital (Índice da Basiléia) registrado pelo Sistema BNDES foi de 15,4%,  maos do que os 11% exigidos pelo Banco Central.

Os ativos totais do Sistema BNDES somaram R$ 715,5 bilhões em 31 de dezembro de 2012, um crescimento de R$ 90,7 bilhões (14,5%) em relação a 31 de dezembro de 2011. O saldo da carteira de crédito e repasse atingiu R$ 492,1 bilhões em 31 de dezembro de 2012, 79,5% relativos a créditos de longo prazo.

Perspectivas
Em 22 de janeiro, ao divulgar os desembolsos de 2012, o presidente do banco, Luciano Coutinho, não quis fazer uma previsão para 2013. Para ele, "tudo depende de uma série de previsões em função da agenda de debêntures e compartilhamento de operações com o mercado. Ele disse apenas que tem uma estimativa alta de formação bruta de capital 5,5% a 6%. "Mas queremos mais", disse.

As perspectivas de investimento para o período de 2013 a 2016, segundo o BNDES, são melhores na área de concessões e orçamento público, que vem tendo crescimento acelerado por conta da prioridade do governo nas concessões para rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento e habitações populares.

 

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