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Tecnologia faz atleta sem movimento das pernas completar prova de 10km

Ex-combatente, Radi Kaiuf ficou paralisado da cintura para baixo após levar três tiros na guerra do Líbano. Aparelho "Rewalk" o ajudou a voltar a andar

Por Haifa, Israel

Ex-combatente de guerra, Radi Kaiuf, de 45 anos, perdeu o movimento das pernas ao levar três tiros durante uma batalha no Líbano, em 1988. Com a ajuda de uma tecnologia inovadora, o israelense conseguiu completar uma prova de 10km após anos sem andar.

- Para mim, é um sonho. Eu não acredito que voltei a andar. É maravilhoso - relata Radi entusiasmado.

"Rewalk", o aparelho usado pelo veterano, se assemelha a uma armadura e é movido à bateria. Preso às pernas do usuário, ele replica o movimento de andar.

- Ao andar, nós levantamos uma perna, rodamos e jogamos o corpo para a frente. Todo esse movimento é repetido no "Rewalk" - explica Oren Tamari, diretor geral do projeto.

Para disputar a prova, Radi treinava quatro horas por dia. O percurso de 10km equivaleu a um trajeto de 150km para uma pessoa com movimentos normais das pernas. Ele levou quatro horas para cruzar a linha de chegada da competição.

A tecnologia foi desenvolvida pelo engenheiro israelense Amit Goffer, que ficou tetraplégico após sofrer um acidente de carro e é inspirada em um andador passivo. O "Rewalk" atende a adultos com altura entre 1,60m e 1,90m que pesem menos de 100kg.

Radi Kaiuf Eu Atleta 2 (Foto: Reprodução SporTV)Radi Kaiuf supera incidente e volta a andar com a
ajuda de aparelho (Foto: Reprodução SporTV)

Além da satisfação em poder andar novamente, o aparelho traz outros benefícios aos usuários. Como os paraplégicos têm uma saúde mais frágil, voltar a exercitar as pernas também os ajuda a melhorar sua qualidade de vida.

- Concluímos em estudos clínicos que o uso do equipamento melhorou a saúde dos pacientes. Muitos pararam de tomar remédios - conta Oren Tamari.

Duzentas pessoas no mundo usam o aparelho, que não está a venda no Brasil. A intenção dos idealizadores é que ao "Rewalk" substitua a cadeira de rodas.

- A ideia é que, no futuro, quando todos estiverem acostumados, esse equipamento vire uma regra, como é hoje a cadeira de rodas - revela Oren.

- O normal é andar e não ficar sentado em uma cadeira de rodas. Eu gostaria que todos pudessem usar este equipamento. Esse é o futuro. Torço para que daqui a quinze ou vinte anos não exista mais cadeira de rodas - desabafa Radi.