14/03/2013 20h14 - Atualizado em 14/03/2013 20h22

Venezuelanos dizem adeus a Chávez no último dia na Academia Militar

Restos mortais serão levados para Museu da Revolução nesta sexta (15).
Segundo presidente interino, corpo não poderá mais ser embalsamado.

Da AFP

Cadetes fazem ato em homenagem ao presidente Hugo Chávez nesta quinta-feira (14) em frente à Academia Militar, onde estão os restos mortais do líder venezuelano. (Foto: Tomas Bravo/Reuters)Cadetes fazem ato em homenagem ao presidente Hugo Chávez nesta quinta-feira (14) em frente à Academia Militar, onde estão os restos mortais do líder venezuelano. (Foto: Tomas Bravo/Reuters

Durante todo o dia e noite desta quinta-feira (14), venezuelanos passaram pela capela da Academia Militar para se despedirem do presidente morto Hugo Chávez. Ao longo dos últimos nove dias, centenas de milhares de  pessoas foram ver o caixão com os restos mortais do líder.

"Hoje é o último dia aqui. Não vim me despedir, vim jurar lealdade a ele", disse Félix Rodríguez.

De uniforme verde oliva e sua emblemática boina vermelha, Chávez, que morreu no dia 5 de março, vítima de um câncer, permanece no caixão de madeira no salão de honra.

"Eu o achei lindo, como sempre, embora esteja um pouco inchado. Vim aqui assim, de muletas, porque tenho que me despedir de meu comandante. Ele nos colocou no caminho para que despertássemos", disse Yosmir Romero, de 42 anos, que perdeu uma perna em um acidente.

Nem Yosmir nem ninguém ali, nas imediações da Academia Militar, veste luto. Todos usam o vermelho emblemático do chavismo. O fluxo de pessoas na capela é contínuo e há um ambiente de festa revolucionária no local, segundo a France Presse.

Os restos permanecerão até a madrugada desta quinta-feira na capela ardente e na sexta (15) serão conduzidos em cortejo fúnebre pelas avenidas de Caracas, para o Museu da Revolução, antigo quartel de onde lançou, no dia 4 de fevereiro de 1992 o fracassado golpe de Estado que sete anos depois o levou ao poder.

O presidente em exercício Nicolás Maduro, que Chávez designou como seu herdeiro político e candidato governista três meses antes de morrer, vai liderar o cortejo ao lado do mandatário boliviano, Evo Morales.

O caixão ficará no quartel de La Montaña, localizado no bairro 23 de Janeiro, reduto do chavismo, enquanto as autoridades decidem se será levado ao Panteão Nacional, onde está o túmulo com os restos de libertador Simón Bolívar.

"Venho dar o último adeus ao meu presidente. Ele me deu uma casa, e para as minhas filhas, um computador e o estudo. Agora vamos acompanhar Maduro, porque assim ordenou meu comandante", disse Dayana Navarro, de 35 anos, vinda do estado de Zulia, na fila prestes a entrar no salão com um cartaz vermelho que com letras brancas indicava: "Agora, mais do que nunca, com Chávez".

Mais de 30 chefes de Estado e de Governo prestaram suas homenagens no funeral de Estado na sexta-feira (8) passada, e Maduro tomou posse simbolicamente e presidiu conselhos de ministros.

Fervor revolucionário
Ao som de arpas, seus seguidores homenagearam o líder com serenatas de música tradicional da região onde nasceu Chávez e recitaram poemas. Choraram, cantaram, se ajoelharam e fizeram saudações militares.

O luto, a festa e a campanha eleitoral, que terá a disputa entre Maduro e o opositor Henrique Capriles, se fundem nas ruas e praças nas imediações da Academia Militar, onde são vendidos fotos, chaveiros e camisas com as frases e a face do presidente falecido.

"Chávez vive, a luta continua", "Chávez te juro, meu voto é para Maduro", "Chávez não morreu, se multiplicou", gritavam alguns os seguidores nas filas.

Apesar de ter dito que o corpo seria embalsamado, como Lenin e Mao Tse-tung, Maduro admitiu que será "bastante difícil", porque os procedimentos deveriam ter começado antes.

 

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