Economia

Abilio Diniz é eleito para presidência do Conselho de Administração da BRF

Votação não foi unânime: 6,8% votaram contra e 12,8% se abstiveram
O empresário Abilio Diniz
Foto: Luiz Carlos Murauskas / Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem/8-6-2009
O empresário Abilio Diniz Foto: Luiz Carlos Murauskas / Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem/8-6-2009

ITAJAÍ (SC) E RIO - Os acionistas da BRF aprovaram nesta terça-feira a indicação do empresário Abilio Diniz para a presidência do Conselho de Administração da empresa. Em assembleia realizada na sede da empresa, em Itajaí, os nomes de Diniz, para presidente, e de Sérgio Rosa (ex-presidente da Previ), para vice tiveram a maioria dos votos, mas não houve unanimidade. Acionistas detentores de 6,08% das ações da companhia votaram contra a indicação de Diniz. Foi a primeira vez que isso aconteceu na BRF, que completa quatro ano no próximo dia 19. Outros representantes de 12,81% do capital — inclusive a Petrus, o maior acionista individual da empresa — se abstiveram.

Um grupo de acionistas minoritários, detentores de cerca de 1% do capital da BRF, representados pelo advogado Rafael Rocha, concordou com a indicação de Diniz ao Conselho, mas votou contra sua indicação à presidência.

— Como se pode votar num presidente do conselho que vai ter que se abster de votar em questões importantes por questão de conflito de interesses? Isso não é bom para a empresa — disse Rocha.

A assembleia teve quórum recorde, com participação de representantes de 81,18% das ações. Nildemar Secches, que comandou a assembleia, passa o cargo de presidente do Conselho da BRF a Diniz, que acabou eleito com pouco mais de 62% dos votos.

Secches ingressou na Perdigão em 1995 com a missão de resgatar a empresa de uma grave crise financeira.Depois de resgatá-la, Não só recuperou a companhia, passou a disputar mercado com a Sadia até a aquisição da rival, em 2009.

Sobre a existência de conflito de interesses no fato de Diniz passar a presidir simultaneamente os conselhos da BRF e também do Pão de Açúcar, que tem forte relação comercial, Secches disse não ter uma opinião pessoal e que isso deverá ser tratado entre os acionistas.

— A discussão sobre conflito de interesses tem que ser feita, existem normas e no caso de haver conflitos a pessoa deve se abster. Isso é normal. É algo que temos que nos acostumar dentro do modelo de controle difuso, como o da BRF, que tem coisas boas e coisas ruins — disse Secches.

Diniz apresentou ontem aos acionistas uma declaração de desimpedimento, baseada na Instrução 367 de CVM e na Lei das SAs, que foi lida na assembleia. “Declaro para os devidos fins, na qualidade de indicado para a presidência do Conselho, que não estou impedido por lei ou condenado por crimes contra a economia popular, a fé pública e a propriedade”, disse, no início da declaração.

Falando a jornalistas depois da assembleia, Secches disse que como empresário de sucesso e com experiência, Diniz deve olhar a companhia com “outros olhos, e isso ajuda”.

Antes de finalizar a assembleia, Secches recebeu dos acionistas um voto de louvor, uma honraria no mundo corporativo, que foi referendado por Luiz Fernando Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento e neto do fundador da Sadia e hoje acionista da BRF.

— A BRF é uma nova empresa, a sexta maior do mundo no setor de alimentos. Hoje se incia um novo ciclo e temos muito a agradecer ao Nildemar, por sua dedicação e liderança — disse Furlan.

Diniz foi indicado em fevereiro deste ano para presidir o Conselho de Administração na BRF, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão. A escolha foi feita em reunião extraordinária dos conselheiros da BRF.

Empresário vende ações do Pão de Açúcar

Na manhã desta terça-feira, o empresário vendeu mais 7,964 milhões de ações do Grupo Pão de Açúcar, empresa fundada por seu pai e que passou a ser controlada pela francesa Casino, por um preço médio de R$ 107,15, num total de R$ 853,3 milhões. Foi a terceira vez que o empresário se desfez das ações em leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Com a larga oferta de ações, os papéis do Grupo Pão de Açúcar chegaram a recuar 2,31% na Bolsa, a R$ 105,50, pressionadas pela oferta. No fim do pregão, as ações das empresas fecharam em queda 0,57%, cotadas a R$ 107,38.

Em nota sobre a venda das ações, Abilio Diniz faz questão de lembrar ser presidente vitalício do Conselho de Administração do Pão de Açúcar. A nota diz que “Abilio Diniz reforça sua confiança na CBD (Companhia Brasileiras de Distribuição, o Grupo Pão de Açúcar) onde mantém a maior parte de seu patrimônio e ocupa de forma vitalícia a Presidência do Conselho”.

Após o leilão desta terça-feira, Diniz ainda detém 28.311.660 ações da CBD (entre ordinárias e preferenciais), o equivalente a 10,76% do capital total da empresa. Segundo a nota, as vendas tiveram como objetivo “a diversificação de seus investimentos”. Mas o mercado sempre especula seu interesse em seguir comprando ações da BRF. Abilio Diniz tem 3% das ações da BRF, segundo fonte próxima ao empresário.

Outros acionistas do Grupo Pão de Açúcar acabaram participando da operação, que previa inicialmente apenas a venda das ações do empresário. O leilão movimentou assim 8.843.400 de ações, num volume financeiro de R$ 947,6 milhões. Isso representa cerca de 5% dos papéis preferenciais da companhia.

Depois de perder o controle da varejista fundada por seu pai ao grupo francês Casino, em 22 de junho do ano passado, Abilio Diniz fez a primeira venda de ações do Pão de Açúcar em dezembro do ano passado. Naquela operação, ele se desfez de 1,7 milhão de papéis por cerca de R$ 150 milhões.

Na segunda operação de vendam, em janeiro, o fundo Santa Rita, que pertence à família Diniz e reúne uma parcela importante dos investimentos do empresário Abilio Diniz, vendeu 17 milhões de ações preferenciais do Grupo Pão de Açúcar em um leilão na Bolsa, por um total de R$ 1,5 bilhão.