Economia

Dilma admite falta de recursos para educação e defende royalties do petróleo para a área

Presidente diz que programa de inovação ajudará o país a ‘estar à altura do seu potencial’ e ser mais competitivo

BRASÍLIA - No anúncio do programa de inovação, na manhã desta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff reconheceu que não há dinheiro suficiente para tocar todos os programas de educação lançados em seu governo, como construção de creches, alfabetização na idade certa, escola de tempo integral e ampliação do ensino superior. A presidente manteve o discurso de que, para se desenvolver, o Brasil precisa investir em educação.

— Nós não vamos construir uma nação desenvolvida sem educação, sem colocar dinheiro na educação. Se perguntassem para mim agora se tem recursos suficientes para fazer creches, fazer alfabetização da idade certa, para fazer educação de qualidade, de tempo integral para todas as nossas crianças e melhorar a qualidade do nosso ensino superior, eu diria que não temos recursos suficientes e temos de utilizar os recursos que iremos ter nessa questão — disse Dilma, acrescentando que, por isso, mandou para o Congresso a medida provisória (MP) destinando os royalties do petróleo para educação.

Antes da presidente Dilma, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, aproveitou a plateia repleta de empresários para pedir que o Congresso aprove a destinação dos royalties do petróleo para a educação. Em linha com o discurso de Dilma sobre o tema, Mercadante afirmou que o Brasil só dará um "salto" rumo a uma economia de primeiro mundo quando oferecer educação de qualidade para toda a sua população.

- Eu só queria pedir para o Congresso Nacional que acompanhe esse desafio. A discussão dos royalties não pode ser simplesmente estado produtor e não produtor, ainda que haja essa discussão. A presidenta lançou um norte, que o petróleo é uma riqueza não renovável. Vamos colocar (os royalties) na educação e seguramente nós faremos um salto histórico neste país - discursou Mercadante.

A presidente também defendeu o programa de inovação, argumentando que o país precisa desenvolver essa área para “estar à altura do seu potencial”. Segundo Dilma, sem inovação, o Brasil não será competitivo e continuará exportando commodities.

— Não é isso que este país, com este tamanho, esta população, com estes recursos naturais e com esta indústria, merece. Portanto inovar, para o Brasil, é uma questão de estar a altura do seu potencial — afirmou.

A presidente disse que, a exemplo de outros programas do governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, o mérito do “Inova Empresa” é integrar ações e recursos. O programa, segundo a presidente, é como um casamento, e o governo federal tem como dote a integração.

— Colocamos na mesma matriz todos os gastos. Agora vamos olhar a eficácia e assegurar que o dinheiro vai sair daqui e ir para a inovação. É óbvio dinheiro sozinho não vai, ele encontra vários caminhos, o dinheiro é um bicho muito esperto — disse.

Segundo a presidente, para financiar os projetos de inovação, serão necessárias linhas de crédito específicas, com taxas de juros mais baixas, maior carência, maior prazo para pagamento e percentual de alavancagem de capital elevado.

A presidente disse que hoje o nível de compra de equipamentos e a taxa de investimentos na construção civil pesada e não pesada não são compatíveis com os padrões mundiais. Para ela, é necessário investir mais em infraestrutura.

— Nós temos que investir muito em rodovia, ferrovia, porto e aeroporto. As três licitações de petróleo, concessão, partilha e gás não convencional, as licitações de energia elétrica são uma parte do patrimônio. Nós temos que dobrar esse nível de investimento. Isso implica, necessariamente, aumento dos investimentos do setor privado. Inovar é aumentar a taxa de investimentos no nosso pré-sal, assegurar que nós sejamos competitivos e garantir que este país seja uma nação desenvolvida de classe média — afirmou a presidente.

Dilma aproveitou para reforçar o discurso a favor dos programas sociais do governo:

— Ao mesmo tempo em que a gente faz tudo isso, nós temos também que tirar o povo da miséria e assegurar que o povo tenha saída. E a saída é educação, educação e educação. Criança e jovem só sai com educação. Formação profissional é emprego. Emprego significa que uma das melhores coisas que nós estamos fazendo é usando o Pronatec para tirar, para ser porta de saída do Bolsa Família.