PARIS - A França tem todas as características de uma “economia periférica”, efeito da crise da dívida dos países europeus que a deixou fora do “coração” do crescimento do continente e das decisões políticas. Esta é a conclusão de um estudo do renomado Peterson Institute, com sede em Washington, publicado na última quarta-feira. A entidade conta, entre seus membros, com o ex-chefe do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Paul Volcker, e Jean-Claude Trichet, ex-presidente do Banco Central Europeu (BCE).
A tese para a publicação está fundada na “incapacidade (da França) de fazer reformas”, de acordo com o centro da pesquisa, citando sua “óbvia perda de influência na Europa desde o início da crise”.
— É importante ser forte em tempos de crise e, no caso da Alemanha, Angela Merkel hoje goza das reformas feitas por Gerhard Schröder — analisa Jacob Kirkegaard, autor do estudo.
Para o dinamarquês, nem Jacques Chirac nem Nicolas Sarkozy ou mesmo François Hollande fizeram qualquer coisa para impedir o declínio da França desde a adoção do Tratado de Maastricht, em 1992.
— Os dois lados (esquerda e da direita) mantêm o status quo com receios de protestos na rua, bloqueando qualquer tentativa séria de reformas — ressalta.
O estudo mantém o tom enfático ao dizer que “todos foram incapazes de provar sua capacidade política diante da ausência de políticas reformistas que culminaram com uma crise profunda. A França responde com políticas de países periféricos da zona euro, com exceção daqueles com problemas extremos, como Grécia, Portugal, Irlanda e, talvez, Espanha e Itália nos últimos anos”.
O número de desempregados voltou a subir na França em fevereiro e chegou a 3,2 milhões de pessoas sem trabalho, informou nesta terça-feira o ministério do Trabalho francês. A taxa aumentou 0,6% no mês e está no maior patamar histórico desde 1997. Foi o 22º mês consecutivo de alta.
Se forem contabilizadas as pessoas registradas nos escritórios de serviços públicos de emprego do país, o número das que buscam trabalho ou realizam atividades parciais, chega a quase 5 milhões, destacou o jornal francês “Le Monde”.
O resultado, apesar de não ser o oficial considerado pelo governo, dá a medida da realidade do desemprego atual na França, em que praticamente um entre seis franceses está inscrito nos escritórios de emprego.