09/01/2013 14h23 - Atualizado em 09/01/2013 14h48

Inadimplência do comércio sobe 1,9% em 2012, dizem lojistas

Segundo CNDL, este foi o terceiro ano consecutivo de alta da inadimplência.
Consultas avançaram 6,75% em 2012 e cancelamento de registros 0,43%.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A taxa de inadimplência do comércio varejista avançou 1,9% em 2012, na comparação com o ano anterior, segundo informou nesta quarta-feira (9) a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em conjunto com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Foi o terceiro ano seguido de alta da inadimplência, segundo a série histórica revisada da CNDL. Em 2010, a inadimplência avançou 2,85% e, em 2011, subiu 5,34%.

De acordo com avaliação do SPC Brasil e da CNDL, as pessoas se depararam, nos últimos meses, com "grandes facilidades para consumidor a prazo", como a redução da taxa básica de juros por parte do Banco Central (que recuou para a mínima histórica de 7,25% ao ano), aliada à "pressão do governo" sobre os bancos comerciais para que estes reduzissem os juros ao consumidor. 

"Porém, vários consumidores não estão habituados a planejarem seus orçamentos e suas compras, e acabam por consumir por impulso, o que pode levá-los a assumirem débitos além de sua capacidade de pagamento", avaliaram as entidades.

Apesar da alta da inadimplência em 2012, este cenário, segundo avaliação da economista do SPC Brasil, Ana Paula Bastos, não chega a ser "preocupante". "O nível do desemprego está menor e os ganhos salariais têm crescido acima da inflação, o que possibilita ao consumidor ter maior controle sobre o orçamento e uma maior capacidade de quitar débitos", avaliou ela.

Cuidados para evitar a inadimplência
A CNDL e o SPC Brasil divulgaram uma série de recomendações para que os consumidores não fiquem inadimplentes em suas compras. Segundo as entidades, as pessoas devem privilegiar pagamentos à vista; devem fazer planejamento financeiro com uma planilha mensal de gastos, além de preferir um número menor de prestações nas compras a prazo. Também devem somar os juros e calcular o preço final dos produtos comprados a prazo (para ter uma ideia do valor pago em juros); não devem se ater ao valor da prestação e sim ao preço final da mercadoria, e manter uma "reserva financeira" por segurança. Outra recomendação é que os consumidores não comprometam toda sua renda com compras.

Consultas e cancelamentos de registros
A CNDL e o SPC Brasil disseram ainda que o número de consultas para compras a prazo e para pagamentos com cheques (indicador relacionado com o volume de vendas) subiu 6,75% em 2012, na comparação com o ano anterior. 

De acordo com o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o ano de 2012 pode ser considerado positivo para o setor do comércio varejista. "Os consumidores se mostraram mais estimulados a irem às compras, principalmente porque a maioria deles estã devidamente empregada", declarou ele.

No caso do cancelamento de registros de inadimplência, a CNDL e o SPC Brasil informaram que houve um crescimento de 0,43% em todo ano passado, na comparação também com 2011.

Perspectivas para 2013
A CNDL e o SPC Brasil avaliaram que, para 2013, o cenário é de "otimismo", tanto pela manutenção de altos índices de empregabilidade como pelas projeções de um crescimento mais vigoroso do Produto Interno Bruto (PIB), além da entrada em vigor do chamado "Cadastro Positivo" de débitos - que vai favorecer a ampliação do crédito para os bons pagadores. "É necessário disseminar a culstura do planejamento orçamentário, porque nem todos os consumidores estão imunes às compras por impulso que, na maior parte das vezes, comprometem a capacidade de pagamento", analisou Ana Paula Bastos, do SPC Brasil.

Metodologia
A CNDL lembra que sua base de dados incorpora os grandes e pequenos varejistas, mas não inclui as operações com cartões de crédito. As transações com cartões de crédito absorvem cerca de 20% do volume total de operações, segundo estimativas da entidade. Os dados da CNDL envolvem, porém, a consulta em mais de 150 milhões de cadastros de pessoa física (CPF) de consumidores em 800 mil pontos de vendas credenciados.

Para ler mais notícias do G1 Economia, clique em g1.globo.com/economia. Siga também o G1 Economia no Twitter e por RSS.

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de