27/03/2013 15h17 - Atualizado em 27/03/2013 18h06

Anvisa reclama durante audiência de não ter sido avisada sobre caso Ades

Diretor da agência reconhece que Unilever não tinha obrigação de avisar.
Segundo vice da empresa, 'primeira preocupação' foi informar consumidores.

Priscilla MendesDo G1, em Brasília

O diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) José Agenor Álvares da Silva afirmou nesta quarta-feira (27) que a Unilever, fabricante do Ades, não avisou o órgão sobre a falha que provocou o envasamento de soda cáustica no lugar de suco, embora tenha ressalvado que a empresa não era obrigada a fazê-lo.

Durante audiência na Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara dos Deputados, o diretor disse ter tomado conhecimento do caso pela imprensa. Segundo ele, a legislação atual não obriga a empresa a comunicar a Anvisa sobre problemas em sua linha de produção.

“Pela regulamentação vigente, ela não teria obrigação de fazer isso. Nós questionamos que, mesmo não sendo obrigada por lei, a empresa teria que fazer essa comunicação imediata não só à Anvisa, mas a todos os órgãos de vigilância sanitária”, afirmou o diretor.

De acordo com o vice-presidente da Unilever Brasil, Newmam Debs – que também participou da audiência –, a empresa tomou conhecimento da contaminação por meio de um consumidor, que entrou em contato com o Serviço de Atendimento ao Consumidor no dia 6 de março. O recall dos produtos só foi realizado oito dias depois.

Questionado sobre a reclamação do diretor da Anvisa, Newmam Deps disse não se se recordar da data exata em que a empresa avisou a agência sobre o problema.

Ele afirmou que os consumidores foram “a primeira preocupação”. “Nós focamos a comunicação nos consumidores e, logo na sequência, no DPDC (Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor) e na sequência, na Anvisa”, disse.

O empresário destacou o fato de todos os grandes veículos de comunicação, tanto emissoras de rádio e TV quanto jornais impressos, terem veiculado o anúncio de recall.

A Anvisa tomou a primeira providência sobre o caso no dia 18, quando suspendeu  a fabricação, a distribuição, a venda e o consumo de lotes dos produtos com soja da marca de diferentes sabores, versões e tamanhos. A medida atingiu uma das 11 linhas de produção de Ades da fábrica de Pouso Alegrex (MG). Para o diretor, se a agência tivesse sido avisada, essa suspensão poderia ter sido feita antes.

Segundo José Agenor, a suspensão está mantida até que a agência conclua um relatório, que está “praticamente pronto”, conforme o diretor, e que está sendo baseado em um laudo elaborado pelas vigilâncias sanitárias de Minas Geraisx e de Pouso Alegre.

Multa
O diretor da Anvisa defendeu uma punição “dura” à Unilever. A legislação, porém, limita a agência a aplicar o valor máximo de R$ 1,5 milhão. Para que a multa seja de “maior impacto”, afirmou, o órgão poderá procurar apoio do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, vinculado ao Ministério da Justiçax.

“Quando a multa é muito pequena, temos que procurar apoio na DPDC”, disse. “A punição tem que ser dura. Não podemos brincar com a saúde das pessoas”, declarou o diretor.

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