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Editor de Paulo Coelho se diz chocado com desmentido do Irã sobre censura a livros

RIO e BRASÍLIA - O editor de Paulo Coelho no Irã, Arash Hejazi, se disse "chocado" nesta sexta-feira com uma nota divulgada pela Embaixada do Irã em Brasília negando que o escritor brasileiro tenha sido alvo de censura no país.

A nota afirma que os livros de Paulo Coelho estão disponíveis "em qualquer livraria iraniana" e ainda acusa os EUA e Israel, em conluio com Hejazi, de terem espalhado o boato para "manchar a imagem do Irã", prejudicando as "relações sinceras" entre o país e o Brasil.

Segundo a embaixada, Hejazi - que também é médico - é acusado pelo homicídio de Neda Aghar Soltan durante os protestos contra o resultado das últimas eleições presidenciais em 2009. A nota diz que o editor está foragido e é procurado pelas autoridades do Irã.

Exilado em Londres, Hejazi mantém um blog , pelo qual reagiu à nota da embaixada:

"Tenho vergonha de um governo cuja única saída frente à opinião pública sobre as atrocidades que comete é mentir". O editor reiterou que os livros de Paulo Coelho estão censurados, e que sua editora foi fechada.

Sobre a morte de Neda, ele disse que o povo "sabe quem cometeu o crime". A imagem de Hejazi ao lado de uma Neda gravemente ferida correu o mundo. O médico relatou que a mulher foi morta por um miliciano e que ele tentava socorrê-la. Ele deixou o Irã logo depois.

No post em que comenta o caso de Paulo Coelho, Hejazi cita vários casos de censura no país, acirrados, segundo ele, de 2005 para cá - durante o governo de Mahmoud Ahmadinejad. "Fui informado por alguém de dentro do Ministério da Cultura sobre a proibição aos livros de Paulo e repassei a informação a ele. Se os livros não estão censurados, que ótimo! É sinal de que a pressão fez o ministério voltar atrás. Se ele estão mentindo, que vergonha para eles", finaliza Arash Hejazi.

Procurado pelo GLOBO, Paulo Coelho disse que apenas Hejazi se pronunciaria.