Edição do dia 11/03/2011

11/03/2011 23h55 - Atualizado em 12/03/2011 00h22

Crianças aprendem na escola os segredos da alimentação saudável

Chegar ao peso ideal depende do consumo de frutas, verduras, legumes e saber escolher alimentos saudáveis. A cada 15 dias, crianças de escola de Curitiba vão para o mercado municipal onde têm aulas de culinária.

Dulcinéia Novaes

A turminha é agitada, barulhenta, bem disposta. É só dar uma chance que a criançada logo corre para exercitar os músculos e queimar calorias. A hora do recreio é uma festa, pena que dure tão pouco.

“Nossas crianças não brincam mais. Elas não gastam a energia que elas precisam. Por outro lado, estão comendo calorias a mais”, critica a nutricionista Sílvia Rocha, da Secretaria de Educação de Curitiba.

Há 15 anos, a preocupação nas escolas municipais de Curitiba era com a desnutrição. Hoje, é com o sobrepeso. Duas a cada seis crianças da rede municipal de ensino estão mais fofinhas do que deveriam.

Em uma escola, na zona sul da cidade, os professores arregaçaram as mangas. Os alunos que já passaram um pouquinho das medidas merecem cuidados especiais. As atividades físicas foram dobradas. Em vez de duas, quatro vezes por semana. Tudo, em ritmo de brincadeira.

Victória Lis Félix Silvério, de 8 anos, começou a participar das atividades há seis meses. Estava pesadinha, beirando os 40 kg. Hoje, ela está três quilos mais magra. Giovana está no mesmo caminho. Já perdeu dois quilos, assim como Antonio, Mateus e André. Todos perderam peso e ganharam mais fôlego.

Os cuidados com a alimentação também cresceram nas escolas da rede municipal. Na hora da merenda, tudo é balanceado para que as crianças não fiquem com excesso de peso. É demorado, é a longo prazo, mas a gente tem bastante confiança que é por aí o caminho”, afirma a nutricionista Sílvia Rocha, da Secretaria de Educação de Curitiba.

Chegar ao peso ideal depende do consumo de frutas, verduras, legumes e saber escolher também outros alimentos saudáveis. Por isso, a cada 15 dias, as crianças deixam os cadernos de lado e vão para o mercado municipal. No local, a visita é orientada por nutricionistas e inclui também aulas de culinária.

Por algumas horas, eles se transformam em pequenos "gourmets".

Tem suco limão, suco de cenoura com limão e docinho de cenoura com coco.

Globo Repórter: O que você aprende nessas aulas de alimentação saudável?
Antonio Pereira, de 9 anos: Que as frutas são boas e ajudam a emagrecer.
Globo Repórter: E você conseguiu emagrecer? Quanto?
Antonio Pereira, de 9 anos: Três quilos.

Eles aprendem também que quanto mais natural a alimentação, melhor para a saúde.

Vitoria Felix Silveiro, de 8 anos, está entre os alunos mais aplicados. “A alimentação saudável é uva, morango, manga, melancia”, diz a menina.

Mas o que fazer quando, se encontra guloseimas em casa? A dona de casa Isis Felix Silveiro, a mãe de Vitória, faz doces para vender. A especialidade é o alfajor, um bolinho recheado com doce de leite e coberto com chocolate.

Desde que a Vitória passou a integrar o projeto de alimentação saudável, as delícias que mãe dela faz foram excluídas do consumo diário. Isis conta como fez para que a filha conseguisse resistir: “tem que controlar”. “Às vezes, minha mãe está fazendo uma coisa eu quase que babo na mesa”, diz a menina.

Mas Vitória tem resistido bravamente. Na hora das refeições, ela tem na ponta da língua as respostas que muitas mães não ouvem nem nos sonhos. Ísis coloca no prato da filha vagem, pepino e cenoura. A família seguiu os passos: mais saladas, comida com pouquíssimo óleo e carnes grelhadas.

“Antes, era arroz, não tinha salada. Era difícil colocar uma salada mesmo na mesa. Às vezes, tinha, mas só alface, o feijão, a carne e acabou”, revela Isis.

Vitória trouxe para a família um novo ritmo de vida. E a mãe aprendeu a lição. “Eu preciso também, porque eu também estou acima do peso. Então, para mim, está sendo ótimo. A gente tem se sentido mais leve até. E a consciência, também”, destaca.