21/02/2011 16h10 - Atualizado em 21/02/2011 16h23

Federal do RN elimina 1º lugar em medicina por suspeita de fraude

Jovem omitiu ter feito escola particular, diz universidade.
Estudante de 21 anos disse que estuda possibilidade de recorrer.

Fernanda NogueiraDo G1, em São Paulo

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) eliminou na sexta-feira (18) o estudante aprovado em primeiro lugar em medicina por suspeita de fraude na documentação apresentada por ele. O jovem disse que estuda a possibilidade de recorrer da decisão.

Segundo o reitor da UFRN, Ivonildo Rêgo, Antônio Gomes da Silva Filho, de 21 anos, entregou certificado de conclusão da Educação de Jovens e Adultos (EJA), o antigo supletivo, na rede pública para se beneficiar do programa de inclusão social da universidade. Após denúncia, uma investigação mostrou que o estudante se formou no ensino fundamental e médio na rede privada em 2006. Outro estudante foi excluído do vestibular antes da divulgação do resultado pelo mesmo motivo. Outros seis são investigados.

Há cerca de cinco anos, o programa de inclusão da universidade dá bônus de 10% na nota final aos estudantes que passaram na primeira fase do vestibular e fizeram ensino fundamental e médio na rede pública. Em 2010, pela primeira vez, o programa passou a beneficiar também jovens certificados pelo EJA.

Silva Filho já havia sido aluno da UFRN, onde cursou o primeiro semestre do curso de odontologia em 2008. Cancelou a matrícula para se dedicar aos estudos para o vestibular de medicina. Com a nota que tirou no vestibular 2011, Silva Filho teria sido aprovado no vestibular de medicina sem necessidade do bônus, segundo a universidade.

O estudante disse que fez o exame do EJA no ano passado por ter se formado em uma escola particular de “baixa” qualidade em 2006. “Quando vi que existia a modalidade, quis refazer o ensino fundamental e médio. Então fui lá e fiz as provas”, afirmou.

O jovem afirmou que submeteu a documentação à universidade em setembro e em janeiro recebeu a resposta de que seriam aceitos. Depois disso, desistiu de fazer a segunda fase do vestibular na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e deixou de se matricular no curso de medicina da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), onde passou. “Estou me sentindo injustiçado porque aceitaram meus documentos”, disse.

Para o estudante, a universidade deveria aceitá-lo, já que teve pontuação no vestibular mesmo sem o bônus. "Aceito que tirem os pontos, porque realmente fiz escola particular, mas não precisavam me excluir."

Após o problema, a comissão que fez a investigação na universidade recomendou à reitoria que deixe de beneficiar com bônus estudantes formados pelo EJA. “Vamos analisar a recomendação para o próximo ano. Esse ano foi fácil o processo de cruzamento de informações”, disse o reitor da UFRN, Ivonildo Rêgo.

De acordo com a subcoordenadora de inspeção escolar da Secretaria da Educação do Rio Grande do Norte, Maria Auxiliadora da Cunha Albano, o documento de certificação no EJA de Silva Filho é regular, já que qualquer pessoa que comprove ter 18 anos ou mais pode fazer o exame. É só declarar que não tem o nível de ensino no qual pretende se certificar. "O problema é ele ter usado isso de forma esperta para se beneficiar no vestibular", disse.

Segundo informações disponibilizadas pelo setor de estatística da Comperve (Comisão Permanente de Vestibular), dos 28.143 candidatos ao vestibular 2011 da UFRN, 9.489 requereram o benefício do argumento de inclusão. Dentre os requerentes, 9.181 tiveram o requerimento deferido, e destes, 770 foram aprovados no vestibular. Dentre os aprovados com argumento de inclusão, 125 foram alunos da modalidade EJA.

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