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Ganso marca, vibra e diz: 'Não tremi. Estou pronto para tomar pancada'

Meia precisou de menos de 10 minutos para acabar com o Botafogo-SP. Perseguido pelos adversários, não se abalou e mostrou sua personalidade

Por Santos

 Às 19h35 deste sábado o futebol voltou a ficar mais alegre. Com quatro quilos a mais de massa muscular e uma cicatriz no joelho esquerdo, operado há seis meses, Paulo Henrique Ganso pisou o gramado da Vila Belmiro com chuteiras estilizadas e vestindo uma camisa de número 16.

Às 19h36 ele tocou pela primeira vez na bola. E o Santos abriu o placar. Simples assim.

O jogo estava truncado. Fechado na defesa, o Botafogo de Ribeirão Preto travava todas as jogadas ofensivas do Santos. No primeiro tempo, Ganso viu tudo sentadinho no banco de reservas. Depois do intervalo, entrou para resolver a parada. Precisou de apenas 30 segundos para, aberto pela direita, achar Zé Love atrás da zaga com um passe de gênio. Depois foi só ver o atacante cruzar para a conclusão de Elano. Vale repetir: foi o primeiro toque de Ganso na bola depois de 199 dias sem jogar futebol.

A partir daquele momento, a expectativa na Vila já nem era com o resultado, mas com os outros lances geniais que estariam por vir. Os santistas acostumados a vibrar com os dribles de Neymar estavam com saudade da maestria de Ganso no meio-campo. A torcida santista voltou a ser a mais feliz do Brasil. Essa felicidade seria completa com um gol de Ganso. E ele nem demorou a sair.

 Aos 9 minutos, Pará passou para Zé Love, que foi à linha de fundo e cruzou. Ganso, de primeira, mandou para a rede. Na comemoração, um sinal que parece ser sua nova marca – com as duas mãos, ele forma a letra “G” – de “Ganso”, de “gol”, de “gênio”. E também de Giovana, a namorada do craque. Sim, o maestro da Vila está feliz no amor e no jogo.

- Eu me imaginava voltando com passes para os companheiros. O gol foi uma consequência. Foi um trabalho duro, com fisioterapia de manhã, de tarde e de noite. Consegui voltar a jogar futebol e fazer um belo gol – disse Ganso, após a partida.

Ganso gol santos (Foto: Ag. Estado)Paulo Henrique Ganso retribui o carinho da torcida, que o aplaudiu de pé na Vila Belmiro (Foto: Ag. Estado)

 

O meia entrou no intervalo para ganhar ritmo de jogo. Quarta-feira, contra o Colo Colo, no Chile, pela terceira rodada da primeira fase da Libertadores, ele pode ser titular –  novamente com a 10.

Mas é evidente que, ontem, a cada dividida, o técnico Marcelo Martelotte e o torcedor sentiam um arrepio. Uma nova lesão seria um pesadelo. Ganso foi ao chão aos 12 e aos 22 minutos. Nos dois, levantou-se numa boa, sem dores, para alívio dos santistas. A falta mais grave ainda estaria por vir. Aos 46, depois de tomar uma bola entre as pernas, Fernando Miguel entrou forte em Ganso, por cima. Os pouco mais de 12 mil torcedores na Vila protestaram e o árbitro expulsou o volante do time do interior.

Fiquei feliz de ver a torcida me aplaudindo de pé"
Ganso

- Não tremi. Estou preparado para tomar pancada – disse Ganso, sobre as entradas duras dos adversários.

O Botafogo-SP havia descontado pouco antes, aos 44 minutos, com Chicão. O torcedor santista nem se incomodou. A sensação na Vila era de que o time de Ribeirão poderia empatar, virar, fazer o diabo a quatro. A felicidade pela volta de Ganso era inabalável.

- Depois de quase sete meses sem jogar, claro que o ritmo não era o ideal. Fiquei feliz de ver a torcida me aplaudindo de pé – disse o meia.