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Ativista iraniano agradece pelo voto brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da ONU

RIO - O voto brasileiro a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU que cria um mandato de relator especial a ser enviado ao Irã agradou à Campanha Internacional pelos Direitos Humanos no Irã. A Campanha surgiu em 2007 como um desdobramento da Fundação para a Segurança Humana no Oriente Médio, uma ONG holandesa. O Diretor-Executivo da Campanha, o iraniano Hadi Ghaemi, espera que o Brasil continue a ajudar na melhora da situação humanitária no Irã e acredita que o passado da presidente Dilma Rousseff como presa política a ajude a entender os abusos que estão sendo cometidos no país.

O GLOBO: O que a Campanha pensa sobre essa mudança de posição do Brasil sobre o Irã?

Hadi Ghaemi: Nós acreditamos que o Brasil tomou a decisão certa. Queremos agradecer ao governo brasileiro por esse posicionamento. Ele se juntou à maioria no Conselho em acordo com a resolução. O apoio à resolução é muito importante.

O GLOBO: Por que você acha que o Brasil mudou de posição agora?

Ghaemi: Eu acredito que porque o governo brasileiro se conscientizou da intensidade das atrocidades que estão acontecendo no Irã. E, tendo essa consciência, não poderiam justificar um voto contra ou uma abstenção na votação da resolução. Os ativistas de direitos humanos do Irã trabalharam arduamente para ter certeza de que o governo brasileiro tinha conhecimento das atrocidades que acontecem no Irã. E, o governo brasileiro, ciente disso, não poderia justificar ao povo brasileiro o porquê de se opor a uma resolução como essa.

O GLOBO: No site da Campanha, há a informação de que 180 mulheres ativistas dos direitos humanos escreveram uma carta endereçada à presidente Dilma Roussef pedindo apoio à resolução. Você acredita que essa carta contribuiu para a decisão brasileira?

Ghaemi: Muito. Foi muito importante. Acredito que a carta e uma viagem que fizemos ao Brasil tiveram sucesso em persuadir o governo brasileiro a votar a favor da resolução.

O GLOBO: Você acredita que o fato de a presidente ser mulher ajudou a sensibilizá-la com a carta das ativistas?

Ghaemi: O fato dela ser mulher e ter sido uma prisioneira política vítima de tortura a fizeram entender a luta dos ativistas iranianos.

O GLOBO: O que você acha que pode mudar na relação entre o Brasil e o Irã?

Ghaemi: Espero que o diálogo entre os países continue e que o Brasil continue expressando preocupação sobre a situação dos direitos humanos. Acreditamos que o Brasil pode exercer um papel importante na melhora da situação do Irã. Eu realmente acredito nisso. Eu sei que o governo iraniano não está feliz, mas eles têm que entender que ele não pode ter amigos e aliados se continuar agindo como age.