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Israel testa vírus contra centrífugas do Irã em parceria com EUA, diz jornal

NOVA YORK - O complexo de Dimona, no Deserto do Neguev, ganhou fama como o fortemente guardado coração do nunca admitido programa de armas nucleares de Israel, onde fileiras de fábricas produzem combustível para o arsenal atômico.

Nos últimos dois anos, de acordo com especialistas militares e de inteligência familiares com suas operações, Dimona assumiu um novo - e igualmente secreto - papel como área de teste de uma empreitada conjunta israelense-americana para solapar os esforços iranianos de fabricar uma bomba atômica.

Por trás das cercas de arame farpado do complexo, Israel teria centrífugas virtualmente idênticas às que o Irã tem em Natanz, onde cientistas iranianos estão se dedicando ao enriquecimento de urânio. Especialistas dizem que Dimona testou a eficácia do vírus de computador Stuxnet, um programa destruidor que parece ter danificado cerca de um quinto das centrífugas nucleares iranianas e ajudado a atrasar - embora sem destruir de vez - a capacidade de Teerã de construir suas primeiras armas nucleares.

- A razão pela qual o vírus tem sido eficaz é que os israelenses o testaram antes - afirmou um especialista americano em inteligência nuclear. Programa teria sido atrasado por vários anos

Embora funcionários americanos e israelenses se recusem a fazer comentários públicos sobre o que ocorre em Dimona, as operações no complexo - assim como esforços relacionados nos EUA - estão entre as pistas mais fortes e mais recentes sugerindo que o vírus foi desenhado como um projeto binacional conjunto de sabotagem do programa iraniano.

Antes de entregar o cargo dias atrás, o chefe do serviço de inteligência externa de Israel (Mossad), Meir Dagan, e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, anunciaram separadamente acreditarem que os esforços do Irã para obter uma bomba foram atrasados em anos.

O maior fator responsável pelo atraso parece ser o Stuxnet, a mais sofisticada ciberarma já desenvolvida. Especialistas descrevem o vírus como muito mais complexo e engenhoso do que tinham imaginado quando ele começou a circular pelo mundo em 2009.

O principal estrategista americano de combate a armas de destruição em massa, Gary Samore, esquivou-se de perguntas sobre o Stuxnet numa recente entrevista, mas deixou escapar entre sorrisos:

- Estou contente em saber que eles (o Irã) estão tendo problemas com as centrífugas, e os EUA e seus aliados estão fazendo todo o possível para que haja mais complicações.