Edição do dia 11/02/2011

11/02/2011 21h35 - Atualizado em 11/02/2011 21h35

Queda de Mubarak foi um alívio para a Casa Branca

O ex-presidente egípcio recebeu apoio dos EUA durante suas três décadas no poder. Nesta sexta, Barack Obama disse que ficou feliz em ver a História sendo feita no Egito.

Hosni Mubarak assumiu a presidência do Egito logo depois de uma tragédia nacional. De Washington, o correspondente Luís Fernando Silva Pinto mostra que isso tem muito a ver com o apoio que Mubarak recebeu do governo dos Estados Unidos durantes as três décadas seguintes.

Muhammad Hosni Sayyid Mubarak era vice do presidente egípcio Anwar Sadat, assassinado por militantes islâmicos durante uma parada militar no Cairo, em 6 de outubro de 1981. Tomou posse oito dias depois.

Praticamente desconhecido na época, ninguém imaginava que ele fosse conseguir se manter no cargo por quase 30 anos.

Mubarak conquistou, mesmo contra a vontade da maioria dos egípcios, a posição de aliado dos Estados Unidos por levar adiante o histórico acordo de paz com Israel assinado por Sadat em 1979.

Com o acordo, o Egito se tornou o primeiro país árabe a reconhecer o estado de Israel, sendo seguido, anos mais tarde, pela Jordânia.

Hosni Mubarak governou o Egito com base numa lei de emergência que dá plenos poderes ao Estado, violando direitos básicos dos cidadãos.

Ele argumentava que era necessário ter o controle total para combater militantes islâmicos que promovem, com frequência, atentados no país e teriam a ambição de tomar o poder.

De uns anos pra cá, Mubarak começou a sofrer pressões internas e dos Estados Unidos para adotar um regime democrático. Sempre resistiu.

Desde que assumiu o poder, venceu três eleições como candidato único. Na quarta, em 2005, cedeu à pressão americana para admitir candidaturas rivais. Mesmo assim, houve novas acusações de que o pleito foi manipulado para favorecer Mubarak.

Para a Casa Branca, a queda do ditador foi um alívio. Nos primeiros dias de protesto, o governo americano não deu sinais claros de que iria abandonar Mubarak e acabou correndo o risco de perder a credibilidade com o povo egípcio. Só depois da primeira semana, o governo Obama começou a falar em transição pacífica para a democracia.

Nos bastidores da crise, o Pentágono foi mais ativo do que o próprio Departamento de Estado. A aposta foi a de que os militares egípcios acabariam assumindo o poder, como aconteceu.

Anualmente, eles recebem mais de US$ 1,5 bilhão em ajuda militar dos Estados Unidos e agora o presidente Barack Obama pôde comemorar um momento histórico.

"Há poucos momentos na vida em que a gente tem o privilégio de presenciar a História sendo feita. Este é um deles", disse o presidente americano. "Esta é uma nova geração de egípcios que usou a criatividade e a tecnologia para pedir um governo que atenda às suas aspirações”.

Para Obama, entretanto, haverá dificuldades pela frente. O presidente pediu aos militares que assegurem uma transição pacífica com eleições livres e justas e afirmou que os Estados Unidos vão continuar a ser um grande parceiro do Egito.

Obama homenageou os manifestantes dizendo: "Foi a força moral do seu pacifismo e não o terrorismo que venceu".