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Tragédias que abalaram futebol americano fazem NFL rever regras

Cientistas descobriram que a maioria dos ex-jogadores sofre de Encefalopatia Traumática Crônica, doença causa por pancadas na cabeça

Por Boston, EUA

A segurança no futebol americano, uma das modalidades mais populares nos Estados Unidos, vem sendo questionada por pesquisadores da Universidade de Boston. O motivo é uma sequência de tragédias que abalaram o esporte nos últimos anos. As conclusões dos cientistas vêm obrigando a NFL, liga pofissional de futebol americano, a rever as regras do jogo.

Em fevereiro, Dave Duerson, ex-jogador do Chicago Bears se matou aos 50 anos. Ele tinha depressão e dores de cabeça insuportáveis e deixou um bilhete pedindo que seu cérebro fosse doado para pesquisa. Também com perturbação mental, Owen Thomas, capitão do time da Universidade da Pensilvânia, tirou a própria vida em setembro do ano passado, aos 21 anos. Após brigas com a esposa, Chris Henry, do Cincinnati Bengals sofreu um estranho acidente de carro e morreu aos 26 anos. Mais um caso notório foi o do jogador Tom Mchale, do time de Tampa, na Flórida, que morreu de overdose em 2008 aos 45 anos.

Cientistas comprovaram que a série de fatalidades não é coincidência. Ao receberem um cérebro de um ex-jogador de futebol americano para pesquisa, perceberam que o órgão estava tão danificado que parecia de um senhor de mais de 90 anos com Mal de Alzheimer. O diagnóstico foi Encefalopatia Traumática Crônica ou ETC. A neurologista da Universidade de Boston, Ann Mckee, listou os sintomas mais comuns da doença.

- É uma doença provocada por uma repetição de batidas na cabeça. Podem ser fracas, quase imperceptíveis, mas ao longo dos anos elas causam demência, depressão, agressividade e perda de memória.

Segundo estatísticas dos pesquisadores, cada atleta profissional sofre, em média, 100 choques por temporada. Nos casos mais graves, a pessoa chega a desmaiar, sente náuseas e amnésia. Mas se a batida for mais fraca, o jogador nem percebe e muitos escondem a lesão para não ficar de fora do jogo. A doença é tão comum entre os praticantes que dos 14 cérebros de ex-jogadores analisados, 13 tinham ETC.

O vice-presidente da NFL, Ray Anderson, garante que já estão sendo tomadas providências para que esse quadro seja revertido.

- Ficamos esperando uma segunda opinião e agimos tarde. Mas agora queremos recuperar o tempo perdido, mudando as regras do jogo - diz Anderson.

A liga passou a dar advertências e multas que podem passar de 200 mil dólares para quem bate de propósito na cabeça do adversário. Mesmo com todos os riscos, muitos técnicos e praticantes do esporte são contra essas mudanças. A NFL mantém a decisão e argumenta que as novas regras fazem parte da evolução do futebol americano.