Edição do dia 13/01/2011

13/01/2011 08h38 - Atualizado em 13/01/2011 08h38

Dez mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas em SP desde segunda

O drama da chuva se repetiu em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Dezenas de ruas se transformaram em rios, muitas com correnteza.

Muitas cidades ainda estão debaixo d'água em São Paulo. Moradores tentam desesperadamente resgatar parte da sua história. Na cidade de Franco da Rocha, foi decretada situação de emergência.

Outras regiões também estão alagadas desde segunda-feira (10). Em todo o estado, são mais de dez mil desabrigados ou desalojados. Atibaia, no interior do estado, sofre muito com os alagamentos. Em São Paulo, o bairro de Vila Itaim, na Zona Leste, também está inundado. Ele é vizinho do Jardim Pantanal, que no ano passado ficou semanas debaixo d’água.

A vida de quem mora nesses locais é cheia de improvisos e de cenas que nem a ficção imaginou. A prática tornou os moradores de Vila Itaim rápidos na arte do improviso. Mas nem a experiência é suficiente para limitar os prejuízos e o drama desses moradores. “Perdi remédios, guarda-roupas, estante, um monte de coisa”, disse Dona Joselina, de 83 anos.

Na Vila Itaim, a ajuda vem de gestos solidários entre os vizinhos. O colchão de borracha virou bote improvisado. É nele que o morador ajuda os vizinhos. A geladeira é pesada, mas com jeitinho é retirada da casa que está cheia d’água.

Uma base móvel da Defesa Civil foi montada para cadastrar os moradores que precisam de remédios, alimentos e roupas. A vila está localizada em uma área de várzea do Rio Tietê, no distrito do Jardim Helena, que reúne 13 bairros, entre eles o Jardim Romano, que este ano não alagou porque a prefeitura fez obras contra enchentes: um dique e um piscinão.

“No momento, a parte mais crítica da cidade era o Jardim Romano. Então, a decisão foi atender a área mais crítica da cidade. Agora seria o segundo momento de decisão para adoção de uma obra de igual porte”, diz o subprefeito de São Miguel Paulista, Milton Persoli.

O drama da chuva se repetiu em Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Dezenas de ruas se transformaram em rios, muitas com correnteza. Desde segunda-feira (10), a cidade sofre com as inundações.

A região central de Franco da Rocha é uma das mais atingidas. A água subiu mesmo sem chuva forte. Isso porque foi preciso aumentar a vazão da represa Paiva Castro, que fica a poucos quilômetros do centro da cidade.

“As comportas só são abertas quando é preciso manter o nível da represa um nível seguro, e elas estão num nível seguro”, afirma o presidente da empresa de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Gesner Oliveira.

Os bombeiros tiveram de usar botes para resgatar os moradores. A funcionária pública Luiza Pedroso passou os últimos dois dias presa dentro de casa. “Não dava mais para ficar lá. Eles trouxeram na corda, puxando a corda, porque o motor não funcionava, a correnteza era muito forte”, contou.

Alguns moradores não quiseram sair e permaneceram nas casas, torcendo para que a água baixe logo e o asfalto volte a aparecer debaixo desse rio de água suja. Seu Edson está sem trabalhar há três dias. Ele acompanha o nível da enchente para ver quando vai conseguir resgatar o carrinho de churrasco que está no posto inundado. “O que eu tenho lá é o meu trabalho do dia a dia. Foi tudo perdido”, conta Edson.

De cima da ponte, a estudante Dafni da Silva Medeiros acena para os pais e tios, todos reunidos em uma casa alagada: “Eles ficaram pra suspender os móveis. minha mãe não tinha mais condições de sair porque a minha mãe ela está doente e ela não pode andar na água contaminada, e ela acabou ficando”, conta.

Mesmo de longe, Dafni e outros parentes deram um jeito de homenagear uma das tias que estava fazendo aniversário. Era uma forma de tentar amenizar o sofrimento da família.

A água em Franco da Rocha baixou cerca de um metro, mas ainda toma todo o centro da cidade. A empresa de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) disse que está tentando diminuir a vazão da represa aos poucos.
 

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