Mundo

'Assad é o próximo Kadafi', diz especialista, comparando presidente sírio a ditador líbio

TEL AVIV - Para Mordechai Kedar, do Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat, da Universidade Bar Ilan, e um dos maiores especialistas israelenses em Síria, o mundo precisa intervir imediatamente no país governado por Bashar al-Assad para evitar uma nova guerra civil na Síria nos moldes da que se vê na Líbia.

A comunidade internacional deveria intervir na Síria, como na Líbia?

MORDECHAI KEDAR: Claro! E o mais rápido possível. Se o mundo não considerar Assad como o próximo Kadafi, o ditador sírio vai continuar oprimindo seus opositores com violência. Vai haver um banho de sangue.

Quem são os manifestantes? Jovens pró-democracia?

KEDAR: Quem participa dos protestos em Deraa são membros de tribos beduínas da província de Hawran. Eles são muito pobres, estão na base da pirâmide sócioeconômica e não sabem o que é democracia. O que querem é liberdade de expressão e uma situação financeira melhor.

Os protestos podem chegar ao resto do país?

KEDAR: Podem, principalmente no norte, onde ficam os curdos, que também se sentem oprimidos. Em Damasco, também há muitos que ficariam felizes em se livrar deste governo. Um dos $motivos é religioso. A elite dominante é Alawi, que muitos não consideram muçulmana. Para eles, Assad e seu governo são infiéis.

Assad estava passando por uma espécie de reabilitação, como Kadafi. Agora, vai voltar a ficar isolado?

KEDAR: Com certeza. Ele vai entrar na geladeira. Um dos que mais ajudaram tanto Kadafi quanto Assad a ganhar prestígio mundial foi o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. As visitas dele à Líbia e à Síria, a aproximação com o Irã. Tudo isso deu mais legitimidade a esses governos. A mudança de postura de sua sucessora, Dilma Roussef, aconteceu na hora certa. Veja também:

Em meio a protestos, governo da Síria estuda medidas reformistas e aumento de salários

Vídeo mostra violência em protestos em Deraa, no sul da Síria