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Após colapso do governo, presidente do Líbano pede ao premier para liderar governo interino

O premier libanês, Saad al-Hariri, em Washington na quarta-feira - Reuters
O premier libanês, Saad al-Hariri, em Washington na quarta-feira - Reuters

BEIRUTE - Um dia após a retirada do Hezbollah, que levou o governo do Líbano ao colapso, o presidente do país, Michel Suleiman, pediu ao primeiro-ministro Saad al-Hariri para continuar no comando interinamente. Dos 30 ministros do país, 11 renunciaram devido à controversa investigação da ONU sobre o assassinato do pai do premier, Rafik al-Hariri. Os demissionários eram ligados ao movimento islâmico xiita, que deve ser apontado pelas Nações Unidas como responsável pela morte do ex-premier, em 2005. O presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri, disse que as negociações para a formação de um novo governo começarão na próxima segunda-feira.

Em comunicado, Suleiman pediu que Saad al-Hariri "continue em caráter interino até que um novo governo seja formado". O premier, que na quarta-feira estava em Washington em reunião com o presidente dos EUA, Barack Obama, deve se encontrar nesta quinta com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em Paris.

Rejeitando as acusações de envolvimento com a morte de Rafik al-Hariri, o Hezbollah pediu que o governo de coalizão formado há 14 meses no Líbano parasse de cooperar com a investigações da ONU sobre o caso. Como o pedido foi rejeitado, o movimento se retirou do governo, mergulhando o país em sua pior crise política desde 2008, quando passou meses sem um presidente. Israel põe Forças de Defesa em alerta

Preocupado com a situação no país vizinho, o governo de Israel colocou suas Forças de Defesa em alerta. O atual governo libanês é apoiado por israelenses, sauditas e americanos, enquanto o Hezbollah conta com apoio de Síria e Irã. Após a reunião com Hariri, Obama se comprometeu a trabalhar pela estabilidade no Líbano.

Os EUA defenderam, no entanto, que o tribunal que investiga a morte do ex-premier continue trabalhando. Já o líder da Liga Árabe, Amr Moussa, propôs nesta quinta-feira que a divulgação do relatório da ONU - prevista para as próximas semanas - seja adiada para não inflamar as tensões.

- O tribunal deve estar para além da política, a justiça deve ser feita e a o Líbano deve ter um governo - ponderou Moussa na capital do Catar, Doha. - Mas já que estamos esperando por tantos anos, por que não (esperar) seis meses mais para melhorar a situação? É uma grande ameaça.