Economia Emprego

Novela reacende debate sobre namoro entre colegas de trabalho

RIO - Ao comemorarem o sucesso num projeto de trabalho, Carol e Raul, personagens de Camila Pitanga e Antônio Fagundes em Insensato Coração, novela das nove da Rede Globo, acabam se rendendo a um beijo apaixonado no meio do escritório. A cena reacende uma velha polêmica: o namoro entre colegas de uma mesma empresa. Situação que, garantem especialistas de RH, é cada vez mais comum. Afinal, passamos mais tempo no trabalho que fora dele.

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- As pessoas passam dez, 12 horas por dia no trabalho, e acaba sendo natural que elas encontrem entre seus colegas alguém por quem se interessem para um relacionamento afetivo - comenta Marcelo Abrileri, especialista em recolocação profissional e presidente da Curriculum.com.br.

Em muitos casos, a paquera vira namoro e até chega ao altar. Mas muitos profissionais não sabem como agir: assumir a relação diante dos colegas e do chefe ou mantê-la guardada a sete chaves (como estão fazendo Carol e Raul na novela)? Empresas e profissionais têm opiniões bem diferentes a respeito do assunto, mostra pesquisa realizada pela Trabalhando.com Brasil com 30 empresas e 300 profissionais.

As corporações são taxativas: 56% delas proíbem o namoro entre seus funcionários por acreditarem que esse tipo de envolvimento pode reduzir o foco nas tarefas e a produtividade, enquanto 44% aceitam a relação desde que isso não influencie no trabalho de ambos.

Do outro lado, quando questionados sobre o assunto, 32% dos profissionais afirmam já ter tido um relacionamento afetivo com colega e que, em alguns casos, essa relação havia até se transformado em casamento; 22% dizem não ter se relacionado por não ter encontrado ninguém interessante, mas que, se fosse o caso, se relacionaria sem problemas. Os 46% restantes afirmam que jamais teriam esse tipo de relacionamento por acreditarem que uma relação amorosa no ambiente de trabalho desviaria seu foco nas tarefas a serem realizadas.

Muitas companhias incluem a restrição de namoro entre funcionários em seu código de conduta, lembra o diretor-geral da Trabalhando.com, Renato Grinberg. Segundo o executivo, a empresa deve explicar ao candidato, já na hora da contratação que, de acordo com normas internas, esse tipo de relação não é bem vista. E, assim é possível evitar transtornos futuros para ambas as partes.

A legislação brasileira assegura que um funcionário não pode ser demitido por estar se relacionando afetivamente com um colega, porém, se ele for visto tendo algum contato físico no ambiente de trabalho, isso é caracterizado como uma falta grave e, de acordo com a lei, é passível de demissão por justa causa.

- Se um profissional decidir se relacionar com um colega, deve respeitar tanto as regras da empresa quanto a legislação - afirma o especialista.

Independentemente das normas da empresa ou da legislação, em alguns casos, a situação pode se tornar insustentável e levar uma das partes a tomar uma decisão mais drástica, como é o caso, por exemplo, de relacionamento entre chefe e subordinado, ressalta Grinberg:

- Se apaixonar pelo superior pode ser um problema e, ao contrário do que se imagina, pode até prejudicar a carreira. A tão sonhada promoção pode demorar mais para chegar, pois, com receio de ser julgado, o gestor acaba não destacando seu parceiro.

Nesses casos, aconselha o consultor, a decisão mais sensata é pedir transferência de área e, se não for possível, uma das partes deve pedir demissão.