07/04/2011 16h45 - Atualizado em 07/04/2011 17h21

'Ele ia atirando no pé das crianças', conta aluna

Jade Ramos agradeceu a ação dos policiais.
Atirador entrou em escola e deixou vários alunos mortos e outros feridos.

Do G1, com informações da Globo News

A aluna Jade Ramos relatou momentos de pânico vividos na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio, durante o ataque de um atirador. Em entrevista à Globo News, ela contou que fazia uma prova de ciências e disse ter ouvido muitos tiros.

"Ele entrou primeiro no primeiro andar, ele chegou falando assim: ‘vou matar vocês’. Eu escutava muitos tiros, muitos tiros, e um monte de crianças gritando. Aí nisso que ele já tinha matado algumas crianças e deixado feridas, crianças no primeiro andar, no pátio, aí ele subiu pro primeiro aí no primeiro ele matou muitas crianças também", contou Jade.

"Quando eu subi pro segundo, veio duas alunas falando assim, ‘sobem, sobem que senão ele vai matar vocês, é melhor vocês subirem’. Aí eu fui lá e falei assim: ‘meu Deus, que será que vai acontecer comigo?'", contou. 

A aluna também relatou a ação do atirador: "ele ia atirando no pé das crianças pra não subirem, ia mandando as crianças virarem pra parede que ele ia atirar nelas. Aí as crianças falavam ‘não atira em mim, não atira em mim, por favor, por favor moço’. Aí ele ia lá e atirava na cabeça das crianças", contou.

Mapa da escola Tasso da Silveira, em Realengo (Foto: Arte/G1)

Jade diz ter visto "muitas crianças mortas", e contou que se escondeu na sala de aula enquanto o atirador recarregava a arma.

"O professor trancou a porta, botou cadeira, mesa, estante, o armário, caderno, tudo, aí mandou todo mundo abaixar, ele abaixou também, e vários alunos também estavam desmaiados na sala de aula, acontecendo um monte de coisa, gritavam, e o professor falava ‘não gritem, não gritem, silêncio’, aí eu agachei e fiquei desenhando uma casa na minha mão, com a única coisa que eu consegui pegar (uma canetinha)".

A aluna também agradeceu a ação dos policiais: "eu queria agradecer o policial, dois policiais que salvaram a minha vida, rendendo esse atentado. Aí eu fui lá e queria agradecer muito eles que salvaram a minha vida, senão eu não sei o que seria de mim. E também eu tenho pena dos que morreram e não estão aqui pra contar a história", lamentou.

Ataque
Segundo autoridades, o nome do atirador é Wellington Menezes de Oliveira e ele é ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, onde foi o ataque. Seu corpo foi retirado por volta das 12h20, segundo os bombeiros. De acordo com polícia, Wellington não tinha antecedentes criminais.

A polícia diz que ele portava dois revólveres calibre 38 e equipamento para recarregar rapidamente a arma. Esse tipo de revólver tem capacidade para 6 balas.

Segundo testemunhas, Wellington baleou duas pessoas ainda do lado de fora da escola e entrou no colégio dizendo que faria uma palestra.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ele falou com uma professora e seguiu para uma sala de aula. O barulho dos tiros atraiu muitas pessoas para perto da escola (se você esenciou o caso? Envie fotos e vídeos ao VC no G1).

O sargento Márcio Alves, da Polícia Militar, fazia uma blitz perto da escola e diz foi chamado por um aluno baleado. "Seguimos para a escola. Eu cheguei, já estavam ocorrendo os tiros, e, no segundo andar, eu encontrei o meliante saindo de uma sala. Ele apontou a arma em minha direção, foi baleado, caiu na escada e, em seguida, cometeu suicídio", disse o policial (veja abaixo a declaração, em reportagem do Jornal Hoje).

A escola foi isolada, e os feridos foram levados para hospitais. Os casos mais graves foram levados para o hospital estadual Albert Schweitzer, que fica no mesmo bairro o colégio.

Atirador diz, em carta, que tinha HIV
O subprefeito da Zona Oeste, Edmar Peixoto, afirmou que Wellington Menezes deixou uma carta em que contava ser portador do vírus HIV. Segundo a Polícia Militar, ele era ex-aluno.

De acordo com o coronel Djalma Beltrami, a carta de Wellington tinha inscrições complicadas. “Ele tinha a determinação de se suicidar depois da tragédia”, contou Beltrami. A carta foi entregue a agentes da Divisão de Homicídios.

Conhecido na escola por ser ex-aluno, ele teria entrado sob alegação de que iria fazer uma palestra. Segundo a polícia ele usou dois revólveres, que chegou a recarregar várias vezes.

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