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Escritora e feminista egípcia diz que é cedo para comemorar levantes por liberdade e democracia no mundo árabe

Nawal el-Saadawi e o marido, Sherif Hetata, num protesto em Barcelona contra a invasão do Iraque: ativista vê processo longo pela democracia árabe (Foto: Reuters)
Nawal el-Saadawi e o marido, Sherif Hetata, num protesto em Barcelona contra a invasão do Iraque: ativista vê processo longo pela democracia árabe (Foto: Reuters)

Ela se considera uma feminista radical, mas no léxico de seu idioma, o árabe, o termo feminismo sequer existe. Prestes a completar 80 anos, a escritora Nawal el-Saadawi desafia a sociedade egípcia desde cedo. Seus pais a submeteram, aos 6 anos, à circuncisão - mas também a encorajam a estudar. Foi no hospital, após a formatura em Medicina pela Universidade do Cairo, que ela viu os problemas físicos e psicológicos das vítimas de mutilação genital e conectou aquele sofrimento ao patriarcalismo islâmico e às práticas culturais opressivas. Publicou, então, seu primeiro livro, "Memórias de uma médica", e suas posições, consideradas transgressoras, custaram-lhe o emprego como diretora de Saúde Pública do Egito e a liberdade - foi presa pelo governo Anwar Sadat em 1981.

Casou-se três vezes numa sociedade onde é tabu as mulheres tomarem a iniciativa do divórcio e, desde então, teve sua cabeça a prêmio por islamistas durante alguns anos, sendo forçada a passar uma temporada nos EUA no final da década de 80. Com 20 livros publicados e quatro peças de teatro - alguns proibidos no Egito e em outros países árabes - Nawal recorre a vigorosos artigos na imprensa egípcia para defender a democracia, a não interferência do Islã no Estado e, principalmente, os direitos da mulher árabe. Sem se intimidar com a multidão - ou mesmo a truculência do então ditador Hosni Mubarak - ela ignorou a idade e acampou na Praça Tahrir durante o levante antiditadura. A poucos dias dos seis meses do início da Primavera Árabe, deflagrada na Tunísia, Nawal conversou com O GLOBO de casa, no Cairo, e disse ser cedo para comemorar: a contrarrevolução está em marcha, afirma.

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