Edição do dia 20/05/2011

20/05/2011 21h06 - Atualizado em 20/05/2011 21h06

Alunos do Norte têm que enfrentar longos deslocamentos para estudar

Na região, são 3 milhões nas escolas públicas do ensino fundamental. Só nas ilhas que cercam a Região Metropolitana de Belém, vivem 1,2 mil alunos que têm que viajar de barco todos os dias para estudar.

A Região Norte foi o destino do último dia da Blitz do JN no Ar. Como nos outros dias, a equipe visitou duas escolas, que tiveram a pior e a melhor nota segundo a avaliação do Ministério da Educação (MEC). Veja algumas informações gerais sobre o ensino no Norte do Brasil.

Na região mais extensa do Brasil, são 3 milhões de alunos nas escolas públicas do ensino fundamental. O Pará concentra metade das matrículas e 30% dos estudantes vivem na zona rural. São jovens do campo, das aldeias, da beira dos rios, que para estudar, costumam enfrentar longas distâncias.

Nas comunidades mais isoladas, a geografia da floresta é que determina a rotina dos estudantes. Para se deslocar entre a casa e a escola, os ribeirinhos, por exemplo, têm que acordar muito cedo, geralmente três, quatro horas antes da aula. Só nas ilhas que cercam a Região Metropolitana de Belém, vivem 1,2 mil alunos que têm que viajar de barco todos os dias para estudar.

“Ele tem que andar um perímetro a pé, depois ele pega bicicleta, montaria, depois de barco, e isso vai gastando tempo. Resta pouco tempo para colaborar nas atividades produtivas, para ele participar da comunidade, onde ele se insere, ele vai e volta e fica cansado”, explicou o especialista em educação Salomão Hage.

O deslocamento é ainda maior nos municípios que adotam a nucleação, sistema em que os alunos da zona rural são transferidos para escolas na cidade. “A questão maior é aproximar ao máximo a escola dos alunos, a escola da sua comunidade, para ela não ser uma coisa distante da realidade dos alunos”, destacou o professor da UFPA Orlando Nobre.

O Norte tem 20 mil escolas públicas. É mais do que no Sul e no Centro-Oeste. São 115 mil professores no ensino fundamental. Nas áreas rurais, professores têm que dar conta de várias turmas ao mesmo tempo, no mesmo espaço.

“Elas funcionam em casas de moradores, dos professores, de lideranças locais, em barracões, salões de festa. A precariedade das condições da escola, somada a pouca formação que o professor tem para o trabalho nas escolas multisseriadas, a inexistência de material pedagógico adequado faz com que o ensino não seja de boa qualidade”, afirmou o Salomão Hage.