02/05/2011 20h28 - Atualizado em 02/05/2011 20h28

Câmera registra superlotação em hospital público na Zona Oeste do Rio

Unidade sofre com o problema desde o fechamento do Hospital Pedro II.
Secretaria de Saúde alegou que todos pacientes são atendidos.

Do RJTV

Um vídeo gravado dentro do Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mostra o caos na rede pública de saúde. O repórter Tiago Eltz, da TV Globo, conseguiu entrar na emergência nesta segunda-feira (2) e com uma câmera de celular registrou a superlotação.

As unidades de saúde da Zona Oeste sofrem com esse problema há mais de seis meses, desde o fechamento do Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz. Até agora, a reforma prometida para a reativação da unidade não começou.

Do lado de fora do Rocha Faria, uma grávida de seis meses desmaiou. Ela teve que aguardar atendimento dentro de um táxi, na entrada do hospital. Segundo parentes, ela não foi atendida porque não havia uma maca para transportá-la. Depois de alguns minutos, duas enfermeiras tentaram retirar a mulher, mas não conseguiram. A grávida foi levada no colo por um homem.

A imagem de dentro da emergência é desoladora. Ela mostra o corredor inteiro tomado por macas. São mais de 30 pacientes sendo atendidos no local. “Superlotado, idosos pelos corredores, muito lotado”, disse Lilian de Souza, esposa de um paciente.

O corredor está sendo usado porque todas as enfermarias e salas de emergência estão superlotadas. O vídeo mostra, ainda, pessoas sendo medicadas e tomando soro em cadeiras. Faltavam médicos para tanta gente. "Não tem cardiologistas, não sabem, tiraram a cardiologista daqui", reclamou uma mulher.

Ambulâncias não conseguem sair
As imagens registraram outro problema causado pela superlotação: as ambulâncias que traziam os pacientes não conseguiram sair do hospital. Como não havia leitos, os doentes tiveram que ficar nas macas em que chegaram, e, sem macas, as ambulâncias não puderam voltar para as ruas. Durante a tarde, até oito carros ficaram parados.

Superlotação do lado de dentro do hospital e uma espera que parece interminável na parte de fora. Dezenas de pessoas aguardando uma consulta nesta segunda-feira. Gente que procurou socorro porque estava passando mal e teve que esperar, em alguns casos, até mais de quatro horas por um atendimento. Entre esses pacientes muitos moradores de Santa Cruz.

"Eu acho um absurdo a saúde estar desse jeito. Um hospital maravilhoso daqueles fechado", disse uma moradora da região.

A Secretaria estadual de Saúde reconheceu que há superlotação no Rocha Faria, mas alegou que todos os pacientes que procuram a unidade são atendidos. Segundo o órgão, todas as unidades da Zona Oeste trabalham com equipes médicas reforçadas desde o fechamento do Pedro II, e disse que está tomando outras medidas para ampliar a capacidade de atendimento na região.

Abandono no Pedro II
O Pedro II, hospital que deveria atender parte dessa demanda, está fechado desde o incêndio na unidade, em outubro do ano passado. Na época, o governo do estado chegou a anunciar que o hospital ficaria sem funcionar por, pelo menos, seis meses, a contar do início das obras, no dia 18 de outubro.

Mas a unidade passou para a administração da prefeitura, em novembro. Seis meses depois, nem a licitação para as obras foi concluída. A prefeitura diz que o resultado sairá apenas em maio e que espera começar a reforma ainda neste semestre.

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