Duas universidades brasileiras decidiram aumentar o rigor na hora de avaliar os conhecimentos de língua portuguesa dos candidatos a vagas. É que as deficiências do ensino básico acabam contaminando o aprendizado no curso superior.
Os alunos de uma escola em Belo Horizonte, que estudam para o vestibular da UFMG, dizem que foram pegos de surpresa, mas estão preparados para as novas cobranças.
“Para quem está prestando vestibular, saber falar bem, saber escrever bem é essencial”, diz a estudante Larissa Caminhas.
A partir deste ano, dos 75 cursos da Universidade Federal de Minas Gerais, 48 vão adotar, na segunda etapa do vestibular, provas de português e literatura brasileira. Até o ano passado, essas matérias eram obrigatórias só para quatro cursos: letras, teatro, comunicação e dança.
A mudança surgiu com a percepção dos professores da UFMG de que os estudantes sabiam a matéria, mas não conseguiam passar para o papel o que tinham lido ou ouvido durante a aula.
“Um médico precisa ler e interpretar bem, como quem é da área de letras também precisa, como quem é da área de pedagogia precisa também. Enfim, é uma habilidade essencial para qualquer profissional de nível superior hoje", explica a pró-reitora de graduação, Antônia Vitória Soares.
A Universidade de Brasília (UNB) também fez alterações. Para a avaliação seriada, que é dividida em três anos, a redação será obrigatória em todas as etapas. Antes, era apenas na última.
E em algumas provas discursivas, como a de história, serão cobrados, por exemplo, vocabulário, ortografia e acentuação.
Para o vestibular, a nota mínima da redação sobe de três para quatro pontos. Continua sendo critério de eliminação, mas agora, a nota também passa a contar para a pontuação final do candidato. Ou seja, ajudará na classificação do estudante.
Quem já garantiu uma vaga na universidade concorda com as mudanças e sabe da importância de conhecer corretamente a nossa língua.
“Uma pessoa que escreve um texto errado, erra uma letra, uma conjugação verbal, com certeza vai sair perdendo muito. Por isso a importância do português, mesmo para quem está na área de exatas”, defende o estudante Lucas Caram.