Política

FH se emociona em homenagem em SP e diz que não guarda ressentimentos

FH na homenagem em SP Marcos Alves
FH na homenagem em SP Marcos Alves

SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu neste domingo em São Paulo mais uma homenagem em comemoração aos seus 80 anos, completados no sábado. Em um evento com quase 1.500 pessoas, na Sala São Paulo, Fernando Henrique foi aplaudido de pé pelo público logo após um concerto da Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp), que tocou o parabéns a você ao encerrar duas peças de Alberto Nepomuceno (Suíte Antiga) e Felix Mendelssohn-Bartholdy (Sinfonia número 4 em Lá Maior). Emocionado, o ex-presidente desceu do camarote e minutos depois fez um discurso de agradecimento ao público ao lado dos músicos. Aos jornalistas, ele disse que não esperava tantas homenagens.

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- A gente sempre espera alguma, mas foi demais. Com sinceridade eu não esperava. Eu só tenho que agradecer por chegar aos 80 anos e ser tão festejado - disse o ex-presidente.

As comemorações começaram na semana passada em um jantar para 500 convidados, uma iniciativa do ex-ministro da Casa Civil Clóvis Carvalho, amigo pessoal do ex-presidente. A Comissão Executiva Nacional do PSDB prepara uma outra homenagem no dia 30 no Senado, onde estão sendo esperados ex-ministros do seu governo e governadores de diferentes partidos. Em uma entrevista logo após o concerto, o ex-presidente voltou a dizer que não tem inimigos e que se considera uma pessoa afetiva com vontade de ajudar, nunca atrapalhar. FHC afirmou que procura evitar ressentimentos e que não guarda "mágoa na geladeira".

- Não é o meu estilo. Eu prefiro sempre olhar as pessoas no ângulo positivo. Eu não tenho ressentimento. Um aqui foi injusto, talvez. Mas eu aprendi a separar o que dizem de mim como personagem e o que eu sou. Nem sempre as pessoas estão se referindo a mim como pessoa, mas como personagem. E tem que brigar um personagem com o outro, eu e o Lula, por exemplo. Eu gosto do Lula. Espero que ele ainda goste de mim - afirmou.

O ex-presidente disse que ainda não é hora para fazer um balanço de sua vida, escrevendo uma auto-biografia, e contou um pouco do seu dia a dia. Pela manhã, fica em casa estudando, lendo ou escrevendo alguma coisa. Faz exercícios algumas vezes na semana e de vez em quando, no sábado e domingo, vai para a sua chácara onde costuma nadar quando o tempo está quente. À tarde, trabalha no Instituto Fernando Henrique Cardoso e viaja muito. No mês passado, atravessou três vezes o Atlântico para fazer conferências e em organizações internacionais. Segundo ele, essa é, inclusive, uma maneira de juntar recursos para pagar as suas despesas.

Fernando Henrique disse que ficou contente com a mensagem da presidente Dilma Rousseff pelo seu aniversário. Ele explicou que recebeu a carta com surpresa e que ficou tocado com o carinho de Dilma. Se tivesse que mandar uma mensagem a Dilma, o ex-presidente disse que diria para ela não fraquejar e ter coragem.

- Pode ser que eu não esteja de acordo, mas ela acreditando será bom para o Brasil. Ela não tinha obrigação (de enviar a carta). Ela foi afetiva e eu fiquei tocado, gostei. Acho que é bom para o Brasil que um presidente e os ex-presidente tenham uma relação normal, civilizada, principalmente para pessoas que não são do mesmo partido. Isso é um símbolo, é importante - afirmou.

Ele disse que o Brasil já aprendeu a lidar com a inflação, mas disse que ainda terá de fazer escolhas importantes para se tornar um país rico, "decente", e pronto para competir com economias como China e Estados Unidos. Ele contou que ganhou voz novamente dentro do partido, mas que não pretende exercer o papel de líder político no dia a dia.

- Sou um ex-presidente e tenho um papel que não pode ser limitado a um partido. Eu tenho que pensar sempre no Brasil. Meus planos para as próximas décadas é primeiro que Deus me mantenha vivo. Não é tão fácil assim. Mas que eu possa continuar escrevendo e dizer o que penso com sinceridade, com tranquilidade, sem querer magoar ninguém, mas com convicção - afirmou.

Sobre a crise no PSDB, ele disse que ela já passou com o fim das eleições.

- Há uma discussão do que fazer depois, mas agora é um momento de união. O PSDB tem muita chance. É um partido que ganhou em São Paulo, Minas, Tocantins, Pará, Goiás, Paraná. Não há crise. A crise, às vezes, é na liderança. Os partidos têm vida difícil. O PSDB continua sendo uma alternativa de poder - afirmou.