29/06/2011 21h04 - Atualizado em 29/06/2011 21h54

'Não tem nada de ilegal', diz Diniz sobre proposta para Carrefour

Para o grupo Casino, proposta foi elaborada em segredo e de forma ilegal.
Empresário diz que BNDES está fazendo um serviço para a sociedade.

Do G1, com informações do Jornal Nacional

O presidente do conselho de administração do grupo Pão de Açúcar, Abilio Diniz, afirmou nesta quarta-feira (29) que “não tem nada de ilegal” na proposta de fusão com o Carrefour.

“A companhia é uma companhia listada em bolsa aqui e nos Estados Unidos há 15 anos, não tem nada de ilegal. O que espero é que o Casino analise a proposta que ele recebeu com atenção, com cuidado e sem emoção. Isso aí ele vai gostar da proposta”, disse o empresário, depois de participar de uma reunião da Câmara de Gestão do governo (Veja entrevista ao Jornal Nacional no vídeo acima).

Diniz também defendeu a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no negócio. "Acho que o BNDES fez um bom negócio. Está evitando que o sistema de abastecimento seja totalmente desnacionalizado, está fazendo um serviço para o consumidor, para sociedade, para todos os brasileiros".

A Companhia Brasileira de Distribuição (CBD), holding que detém as lojas do Pão de Açúcar, Compre Bem e Extra, e o Carrefour anunciaram terem recebido a proposta de associação no Brasil. A operação foi apresentada pela Gama, empresa que pertence ao fundo BTG Pactual, do investidor André Esteves, com o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O grupo francês Casino, que não participou das negociações e é rival do Carrefour na França, emitiu uma nota dizendo que a proposta foi elaborada em segredo e de forma ilegal. De acordo com a nota, a fusão teria o objetivo de impedir que o grupo assuma o controle do Pão de Açúcar em 2012, como prevê acordos assinado em 2005.

O Casino já tinha levado o caso à Câmara de arbitragem internacional, quando soube no mês passado que Diniz tinha procurado o Carrefour.

Para que a fusão seja concluída, ela precisa ser aprovada por todos os sócios em até 60 dias.


Apoio do BNDES

Se for aprovada, a fusão precisará contar com um investimento bilionário do BNDES. Pela proposta, o BNDESpar, braço de investimento do banco estatal, estatal entraria com R$ 3,91 bilhões no negócio e o BTG Pactual com R$ 690 milhões. Ambos se tornariam sócios do Pão de Açúcar.

A fusão daria origem a uma nova empresa, chamada Novo Pão de Açúcar (NPA), que teria como sócios também o Pão de Açúcar e o francês Casino. A NPA ficaria com 50% das ações do grupo Pão de Açúcar, depois de ele absorver as operações do Carrefour no Brasil. O Carrefor francês, por sua vez, ficaria com os outros 50%. A nova empresa teria ainda 11,7% das ações do Carrefour mundial.

Na prática, os dois maiores grupos de varejo no Brasil estariam se unindo. Juntos, teriam um faturamento anual de cerca de R$ 65 bilhões e controlariam cerca de um terço do mercado de vendas de alimentos.

fusão Pão de Açúcar e Carrefour (Foto: Editoria de Arte/G1)

Partidos de oposição já questionam a fusão e o uso de recursos do BNDES. “Nós achamos um absurdo. O que há é um banco privilegiando megaempresarios no país, com recursos públicos”, declarou o senador Álvaro Dias (PSDB).

O BNDES não comentou o anúncio da oposição. Em nota, o banco defendeu a eventual participação no negócio e disse que a proposta ainda depende de aprovação interna.

O presidente do Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade), Fernando Furlan, órgão responsável por garantir a livre concorrência, disse que a operação terá de ser avaliada cuidadosamente. "É muito cedo para fazermos qualquer avaliação, não sabemos sequer se a operação será fechada", disse. "Sem dúvida que isso, em princípio, denota uma concentração no mercado. Mas a analise é feita de forma muito técnica, de forma muito especifica", acrescentou.

Segundo Furlan, se numa determinada cidade existir apenas uma loja de cada um dos grupos e houver concentração de 100%, alguma restrição terá de ser feita. "Por exemplo, uma das lojas terá de ser vendida a um terceiro", disse.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que a união abriria uma porta importantíssima para produtos brasileiros no exterior.

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