26/08/2011 10h37 - Atualizado em 26/08/2011 12h37

Feira de Santana (BA) enfrenta surto de coqueluche

Este ano, já são 47 confirmações de casos da doença na cidade.
Secretaria de Saúde diz estar capacitada para lidar com o problema.

Egi Santana e Rafaela RibeiroDo G1 BA

Nos oito primeiros meses deste ano, a Secretaria de Saúde de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, registrou 87 notificações de suspeitas, sendo 47 confirmações de casos de coqueluche na cidade. No mesmo período do ano passado, foram registradas oito notificações e nenhuma confirmação da doença.

Apesar de admitir que o número de casos configura um surto na cidade, a prefeitura, por meio da Divisão de Vigilância Epidemiológica (Viep), diz estar preparada para conter a doença. De acordo com Janice Estrela, chefe da Vigilância, os agentes de saúde da família e os médicos estão sendo capacitados para conter o avanço do problema.

A médica explica que a Secretaria de Saúde detectou que a cadeia de transmissão está nos adultos, que geralmente já foram vacinados, e quando contraem a doença não sofrem os sintomas, mas transmitem para sistemas imunológicos mais frágeis, como é o caso das crianças. Ainda de acordo com a secretária, não foi registrado nenhum caso grave e todos os pacientes receberam o tratamento adequado. Ninguém morreu em decorrência da doença.

Janice Estrela esclarece que diferente das epidemias, que são caracterizadas quando uma doença infecciosa é rapidamente disseminada a um grande número de pessoas, o surto acontece quando há um aumento considerável do número de casos esperados em um determinado local, como é o caso de Feira de Santana.

Tratamento

O tratamento da coqueluche consiste no uso de antibióticos prescritos por infectologistas. Com relação à prevenção, a secretária esclarece que as vacinas contra a doença fazem parte da campanha de imunização do Governo Federal e salienta que deve ser administrada em três doses, aos dois, quatro e seis meses de vida da criança, com dois reforços, aos quinze meses e entre os cinco e seis anos de idade. A imunização dura aproximadamente 10 anos.

A Secretaria de Saúde de Feira de Santana nega que haja problemas no cronograma de vacinação da cidade, mas salienta a importância das campanhas e pede aos moradores que atentem para as datas nos cartões de vacinação. “É importante que a população compreenda que as vacinas contra a tríplice viral, contra a difteria, o tétano e a coqueluche, só funcionam quando administradas exatamente como o programa de saúde determina, com todas as doses e reforços tomados nas datas corretas", pontua a secretária.

A doença

O infectologista Antônio Bandeira explica que a coqueluche é uma doença causada pelas bactérias Bordetella pertussis e Bordetella parapertussis, que atingem o sistema respiratório. A doença afeta principalmente as crianças de até dois anos e é disseminada por meio de gotículas de saliva. No organismo, as bactérias lesam os tecidos da mucosa e seu período de infecção varia entre cinco e 21 dias.

"A doença se divide em dois estágios. No primeiro deles, os principais sintomas são tosses, coriza, febre e irritação nos olhos. No segundo estágio, que se desenvolve cerca de duas semanas após o primeiro, as crises de tosses são sucessivas, algo como uma espécie de bronquite, com ocorrência de muco e há a possibilidade de vômito", explica o especialista.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que em 2010 houve um aumento significativo dos casos de coqueluche no Brasil. Ainda de acordo com a organização, de 2006 a 2008, os casos triplicaram no país. Falta de atenção às campanhas de vacinação estão entre os motivos apontados pela OMS.