19/08/2011 07h10 - Atualizado em 19/08/2011 07h52

Dois anos depois, Flutuador vai percorrer novamente o Rio Tietê

Expedição vai passar por 500 km do rio para medir os níveis de oxigênio.
Projeto começa na próxima segunda (22) e deve durar cerca de um mês.

Do G1 SP

O flutuador, equipamento desenvolvido pela TV Globo em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da Universidade de São Paulo (USP), vai voltar a medir o nível de oxigênio nas águas de São Paulo. Escoltado por Dan Robson, seu guardião, o flutuador vai percorrer mais de 500 km pelo Rio Tietê, de Biritiba-Mirim, na Grande São Paulo, até Barra Bonita, no interior do estado.

A expedição começa segunda-feira (22), passando por 30 cidades, e deve durar cerca de um mês. O caminho é o mesmo feito pela TV Globo em 2009. Na época, o flutuador registrou níveis péssimos de oxigênio em 41% do trajeto. Em 38%, os níveis foram ruins. A qualidade só ficou boa em 21% da viagem.

O Tietê é diferente da maioria dos rios. Ele nasce a 22 km do oceano, mas em vez de correr em direção ao mar, corre no sentido do interior. E percorre mais de 1.100 km até chegar na foz, que não é no oceano e, sim, no Rio Paraná.

O guardião do flutuador ainda não sabe quantos quilômetros vai conseguir navegar por dia. Mais uma vez, ele terá roupa especial e um caiaque novo. “A previsão é complicada por causa do rio, principalmente o Tietê que tem muito lixo, entulho, aqueles aguapés que a gente encontrou no caminho. Então a natureza vai ditar as regras”, afirmou Dan Robson.

A sujeira é resultado de um tempo distante no qual ninguém sentia vergonha de sujar o rio. “Em 1901 existem registros de relatórios dos fiscais de rios, indicando que a poluição do rio está evidente em alguns pontos e que esta poluição deve crescer na medida que a cidade estava crescendo, sem uma rede de coleta e tratamento de esgotos”, afirmou Janes Jorge, professor de história da Universidade Federal de São Paulo.

Isso aconteceu não apenas na capital paulista, mas também nas cidades por onde passa o Rio Tietê. “Tudo que não serve a gente descarta nos rios. Lixo, sofá, resto de construção civil, desmatamento, agrotóxico, tudo isso depois das chuvas vai para os rios. A falta de planejamento, o grande número de moradias irregulares em áreas de preservação permanente”, disse Maria Luiza Ribeiro, coordenadora de projetos da SOS Mata Atlântica.

Preparativos
Durante a preparação para a nova viagem, a equipe que acompanha o flutuador percebeu mudanças positivas na área onde nasce o Tietê - no Parque Nascentes do Tietê. Em uma área fechada para os visitantes, mostrada também há dois anos pela equipe da TV Globo, a mata está mais fechada e densa – mesmo com o sol no céu, tudo fica escuro em meio às árvores. Isso mostra uma recuperação da margem e do leito do rio.

Na nascente, a água brota e faz a areia se mexer, atraindo os guarus, peixinhos que habitam a nascente. Assim, gota a gota, o rio ganha volume. "Estamos com 5,2 mil litros de água por hora. Como tem chovido muito nesses três invernos passados, então os lençóis da região estão bem alimentados. Isso é bom”, disse Gastão Gonçalves, gestor do parque.

A maior parte das árvores da área nasceu nos últimos 15 anos, com a criação do parque. "Nós vamos encontrar aqui o manacá da serra, que é uma vegetação pioneira. Ela surge em áreas degradadas naturalmente ou provocadas pelo ser humano. E ela vai desaparecer e depois vão surgir os cedros, as canelas, os guatambus, que já estão surgindo debaixo da mata. São árvores enormes que vão estar crescendo devagarzinho, isso demora de 40, 50 até mais anos”, explicou Gonçalves.

O Parque Nascentes do Tietê fica na Estrada Pico Agudo, altura do km 6, Bairro Pedra Rajada, em Salesópolis, na Grande São Paulo. O acesso pode ser feito pela Rodovia Alfredo Rolim de Moura, a SP-088, que liga Mogi das Cruzes à Rodovia dos Tamoios. O parque abre todos os dias, das 8h às 17h. A entrada é gratuita.