Edição do dia 05/07/2011

05/07/2011 21h07 - Atualizado em 05/07/2011 21h07

Clientes de planos de saúde não têm garantia de atendimento em hospitais

Em quatro anos, o número de pessoas com convênios subiu de 36 milhões para 45 milhões. Segundo o IBGE, de 2005 a 2009, o país perdeu mais de 11 mil leitos em hospitais particulares. Quase 400 fecharam as portas.

Na maior cidade brasileira, faltam leitos nos hospitais, inclusive nos particulares. O resultado é que eles não conseguem atender todos os pacientes. Nem os que pagam planos de saúde.

Pagar um plano de saúde não é garantia de bom atendimento. "A minha sogra está com problema de coração. Também tinha direito a um quarto privativo porque é o que ela paga e ela está na enfermaria desde quarta-feira", disse a empregada doméstica Amanda Pasqualini.

Em um hospital, nem a enfermaria tem espaço. "Não tem vaga para internação, estou vendo isto agora. Não tem nenhuma vaga, estou esperando alta", relatou a atendente.

O Jornal Nacional visitou hospitais particulares de São Paulo com uma câmera escondida. "Por enquanto, pelas informações que a gente está tendo, não está muito fácil de vaga", informou o atendente.

Em um terceiro hospital: "Nesse momento nós temos vaga. Daqui uma hora, duas horas pode ser que não tenha", avisou o atendente.

Os hospitais dizem que trabalham no limite há muito tempo, mas que nos últimos cinco ou seis anos, não têm conseguido atender todo mundo. Segundo eles, a origem do problema está em uma boa notícia: a economia vai bem, os brasileiros têm mais empregos formais com salários fixos e podem pagar planos de saúde. Só que a estrutura oferecida por alguns planos não têm sido suficiente.

Em quatro anos, o número de pessoas com planos de saúde subiu de 36 milhões para 45 milhões. Segundo o IBGE, de 2005 a 2009, o país perdeu mais de 11 mil leitos em hospitais particulares. Quase 400 fecharam as portas.

Para o presidente do Sindicato dos Hospitais, Dante Ancona Montagnana, o problema é mais grave nas instituições pequenas, que atendem aos convênios mais baratos. "São planos pequenos, de R$ 50, R$ 60, e que não pegam hospitais de grande porte. São os de pequeno porte que têm poucos leitos", explicou.

Em nota, a Associação Brasileira de Medicina de Grupo disse que não tem conhecimento de falta de leitos entre seus associados. A FenaSaúde, que representa os 15 maiores planos, afirma que não vê evidências de prejuízos aos beneficiários.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que em setembro entra em vigor uma norma que determina prazos máximos para agendamento de consultas e procedimentos. E que a ampliação de infraestrutura é de responsabilidade das operadoras.

Para o diretor de hospital Mauro Valezin, a situação não é boa. Ele acabou de criar 107 leitos e ainda tem problemas. "Por falta exatamente de vagas, tem determinados dias da semana que acabamos por transferir pacientes do nosso pronto-socorro para outros hospitais que dispõem de leitos de UTI".