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Evolução da medicina ajuda no combate às lesões nos joelhos

Articulação do corpo humano é a que mais sofre com lesões. 'SporTV Repórter' mostra novidades na prevenção, cirurgia e recuperação de atletas

Por São Paulo

Principal articulação do corpo humano, o joelho pode ser um aliado ou um inimigo para vida dos campeões. Não são raros casos de atletas que tiveram a carreira interrompida ou prejudicada por lesões nesta articulação durante os últimos anos. No basquete, no vôlei, no salto em distância, no judô, no taekwondo e, é claro, no futebol. Na história do esporte sobram exemplos de atletas que sofreram com os joelhos (assista ao vídeo).

Craque do Flamengo e da Seleção Brasileira, Zico, por pouco, não teve que abandonar a carreira de jogador de futebol. Em 1985, o meia sofreu uma entrada dura do zagueiro Márcio Nunes, do Bangu, e passou um longo período parado para tratar do joelho. Após três cirurgias, ele teve a carreira prejudicada pela dor e correu o risco de perder a Copa do Mundo de 86. Ainda assim, o meia conseguiu voltar a jogar, foi para o Japão e encerrou uma carreira brilhante.

zico brasil x frança 1986 (Foto: Getty Images)Após a cirurgia, Zico chegou a jogar três partidas 
na Copa de 1986, no México (Foto: Getty Images)

Joaquim Grava, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, relembra a difícil recuperação do Galinho de Quintino.

- O Zico teve uma lesão de ligamento cruzado anterior e ligamento colateral . Na época em que o Zico foi operado, ainda não tínhamos desenvolvido a cirurgia da reconstrução do ligamento cruzado anterior. Era muito difícil , você ficava três meses de gesso, aí você tirava o gesso, fazia uma recuperação lenta, era tempo de um ano e meio, dois anos - disse em entrevista ao "SporTV Repórter".

Hoje, são inúmeros os casos de ex-atletas que sofrem por causa de abusos com o corpo no passado. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com 20 ex-jogadores de futebol revelou um resultado preocupante. Os atletas analisados têm entre 34 e 53 anos e jogaram no mínimo 17 anos como profissionais. Mais da metade se aposentou com dores no joelho e passou por, pelo menos, uma cirurgia nesta articulação, 70% tomaram infiltrações no joelho, 80% ainda sentem dores no local e 65% já apresentam artrose (um processo degenerativo de desgaste da cartilagem).

- Temos atletas com 50 e poucos anos usando prótese, então isso realmente é uma coisa preocupante, é um sinal da sobrecarga. Comparando com um estudo publicado no futebol americano, com a população normal, no futebol americano (que não é um esporte de dondocas, é um esporte pesado) o joelho é acometido de três a cinco vezes mais do que uma população normal. No nosso futebol, eu diria que esses números estão entre seis e sete vezes a mais do que a população normal – afirma Moisés Cohen, ortopedista presidente da Sociedade Mundial de Artroscopia.

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Com o avanço da medicina, os médicos acreditam que os números serão minimizados no futuro. As novidades na prevenção, na cirurgia e na recuperação de pacientes deixam os especialistas otimistas.

- Eu acho que a cirurgia do joelho, assim como toda a medicina, evoluiu muito nos últimos anos. Cirurgias que eram feitas às custas de uma incisão muito grande, cicatrizes enormes, hoje são feitas de forma minimamente invasiva, por furinhos, com resultados não só semelhantes, mas até muito melhores- afirma o médico Moisés Cohen.

- Em relação à recuperação é que nós temos mais coisas novas. Hoje nós temos métodos e protocolos de recuperação pós-cirúrgicos que são extremamente importantes. Você consegue desde o momento do início da fisioterapia até o final de recuperação fazer com que esse atleta faça conjuntamente não só a recuperação da cirurgia, mas também da sua condição física - acredita Joaquim Grava.

A preocupação dos atletas

Giba e Serginho Brasil x Polônia Liga Mundial (Foto: Alexandre Arruda / CBV)Giba em ação pela seleção brasileira
(Foto: Alexandre Arruda / CBV)

E não são só os hospitais e médicos que estão se modernizando e preocupando com os joelhos. Aos 34 anos, o campeão olímpico Giba esbanja saúde. Como jogador de vôlei, seus joelhos são submetidos ao esforço de inúmeros saltos a cada partida e nunca passaram por cirurgia. Como prevenção, o atleta toma, há nove anos, um remédio pra evitar o desgaste precoce da cartilagem.

- Foi desenvolvido há pouco tempo no esporte, a gente começou a tomar um remédio. A gente traz até de fora o remédio, feito de dois compostos para cartilagem do joelho, isso se usa em senhores, em pessoas da boa idade e os atletas já estão tomando esse remédio para não deixar ter esse desgaste da cartilagem, isso é algo a mais da medicina que foi criado para ajudar a gente.

Pessoas comuns

Não são só atletas que sofrem com os joelhos, pessoas comuns também são frequentemente vítimas desta articulação. Na corrida do final de semana, no futebol de domingo ou na pedalada na ciclovia, todos estão sujeitos à lesões. Para evitá-las, Marcos Paulo, professor de educação física, dá uma dica fundamental: para as articulações em geral, fortalecimento é a palavra chave.

- Se você vai fazer atividade física , tem a seguinte equação: trabalho aeróbico requer trabalho muscular. Então, se você corre, pedala ou nada, você precisa de um trabalho de musculação para te assessorar e fazer um trabalho para fortalecer a sua musculatura específica e ter um risco de lesão muito menor. Se a pessoa quer correr menos risco, procura a hidroginástica, a natação, a caminhada ou o ciclismo. Com certeza o nível de impacto é muito menor e você corre muito menos risco.