RIO - As novelas e filmes brasileiros deixam claro que os gays fazem parte da sociedade. Mesmo assim, ainda insistem em retratá-los de forma caricata, às vezes até segregada. Na internet, o papo é outro, e as ideias podem rolar soltas. Pensando nisso, o jornalista Fábio Silveira, de 27 anos, está produzindo a websérie "Todos os meninos", sobre as angústias e dúvidas do adolescente Lucas, que sofre na escola e só tem uma amiga, Joana. Um dia, chega um novo aluno, Vitor, arrasando o coração das garotas e escondendo alguns segredos. Até que eles passam uma tarde juntos e...
- As novelas mostram uma distorção sem proporções. Sempre tem um casal gay, mas não pode mostrar beijo. Decidi fazer a série na internet porque esse é um território livre de amarras, que não visa só o lucro, como a indústria cinematográfica de peso. Comecei a escrever o roteiro há dois anos, mas, desde então, não mudou nada em relação aos gays nas novelas. O casal gay é sempre condenado ao fim trágico - constata um indignado Fábio, que na adolescência sentia falta de filmes e novelas que retratassem os anseios por que passava.
Sem querer depender do processo lento dos editais de fomento do governo para tocar o projeto - sua primeira empreitada, aliás -, ele decidiu partir para o território mais democrático de todos os tempos, a internet. Colocou um pedido de ajuda no site Catarse.me no dia 8 de agosto e, em menos de uma semana, já arrecadou mais de 13% dos R$ 13.500 pretendidos para pagar os custos de atores, equipamentos, locações e edição da websérie. Para o roteirista, o bom resultado aponta que há espaço de sobra para projetos diferentes da grande mídia.
- Saber que conseguimos mais de R$ 1.800 em tão pouco tempo mostra que existe um público que quer ver outras coisas. E o público do Brasil está acostumado a buscar o que gosta na internet. Todo mundo baixa séries, por exemplo - diz Fábio, que sabe que as redes sociais são cruciais para o sucesso de "Todos os meninos" - Trabalhando no projeto tive a noção exata da relação e importância do público com as novas mídias: eles apoiam, compartilham, curtem. A série só vai existir se convencer o público, que a faz caminhar de acordo com seu comportamento.
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