Edição do dia 29/09/2011

29/09/2011 21h14 - Atualizado em 29/09/2011 21h14

Homem de 80 anos tem atendimento negado em hospital de São Paulo

Ele estava sozinho quando sofreu uma crise de hipertensão. Ligou para a central da Samu e pediu socorro. Mas não passou da porta do hospital.

É para o Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha, administrado pelo governo do Estado de São Paulo, que as ambulâncias do Serviço Médico de Urgência, o Samu, levam pacientes da Zona Norte. Nesta quinta-feira (29) à tarde chegaram três no intervalo de uma hora. Todos foram atendidos.

Mas, durante a madrugada foi diferente. Como contou a atendente do Samu, que não quer ser identificada.

“A enfermeira que estava lá falou que não iria atender, que estava fechado para o Samu. Eu saí, eles fecharam a porta na minha cara”, contou.

Quem precisava de atendimento era um homem deitado na maca. Ele tem 80 anos, é viúvo, não tem filhos e, estava sozinho quando sofreu uma crise de hipertensão. Ele ligou para a Central da Samu e pediu socorro. Mas não passou da porta do hospital.

Uma pessoa que estava na emergência gravou tudo com um celular. O atendente do Samu vai até o médico cobrar explicações.

Atendente: Posso confirmar que vocês não vão atender?

Depois, fala com enfermeira.

Enfermeira: Quem determina isso não sou eu da enfermagem. É o médico, não sou eu!

E a porta é fechada. A acompanhante de outro paciente não se conforma:
“Deixar o paciente aqui fora? Pelo amor de Deus, isso é absurdo”, diz. E liga para a polícia.

“Bateram a porta na nossa cara. Falaram que não tem médico, sendo que pegaram uns pacientes que estão dormindo lá na cadeira e colocaram tudo na emergência”, conta a parente de um paciente.

Mas a policia não apareceu. À 1h30, a central do Samu deu uma nova orientação: a ambulância deveria levar o paciente para outro lugar.
O idoso foi então levado ao pronto-socorro de Santana com hipertensão e a crise respiratória agravadas.

Depois que tudo passou, a funcionária do Samu acostumada a salvar vidas desabafou.

“Você se sente incapaz, se sente fraco, impotente. Impotente, essa é a palavra. Sem poder fazer nada”, diz ela.

A direção do Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha informou que no momento da chegada da ambulância com o idoso, a equipe médica estava atendendo a dois casos de parada cardiorrespiratória. E que os três pacientes chegaram quase simultaneamente.

A direção afirmou que os profissionais do hospital foram incorretos e deselegantes com a equipe do Samu - e que vai investigar o caso. Depois de ser atendido no segundo hospital, o aposentado Lourenço Mendonça recebeu alta.

tópicos: