É para o Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha, administrado pelo governo do Estado de São Paulo, que as ambulâncias do Serviço Médico de Urgência, o Samu, levam pacientes da Zona Norte. Nesta quinta-feira (29) à tarde chegaram três no intervalo de uma hora. Todos foram atendidos.
Mas, durante a madrugada foi diferente. Como contou a atendente do Samu, que não quer ser identificada.
“A enfermeira que estava lá falou que não iria atender, que estava fechado para o Samu. Eu saí, eles fecharam a porta na minha cara”, contou.
Quem precisava de atendimento era um homem deitado na maca. Ele tem 80 anos, é viúvo, não tem filhos e, estava sozinho quando sofreu uma crise de hipertensão. Ele ligou para a Central da Samu e pediu socorro. Mas não passou da porta do hospital.
Uma pessoa que estava na emergência gravou tudo com um celular. O atendente do Samu vai até o médico cobrar explicações.
Atendente: Posso confirmar que vocês não vão atender?
Depois, fala com enfermeira.
Enfermeira: Quem determina isso não sou eu da enfermagem. É o médico, não sou eu!
E a porta é fechada. A acompanhante de outro paciente não se conforma:
“Deixar o paciente aqui fora? Pelo amor de Deus, isso é absurdo”, diz. E liga para a polícia.
“Bateram a porta na nossa cara. Falaram que não tem médico, sendo que pegaram uns pacientes que estão dormindo lá na cadeira e colocaram tudo na emergência”, conta a parente de um paciente.
Mas a policia não apareceu. À 1h30, a central do Samu deu uma nova orientação: a ambulância deveria levar o paciente para outro lugar.
O idoso foi então levado ao pronto-socorro de Santana com hipertensão e a crise respiratória agravadas.
Depois que tudo passou, a funcionária do Samu acostumada a salvar vidas desabafou.
“Você se sente incapaz, se sente fraco, impotente. Impotente, essa é a palavra. Sem poder fazer nada”, diz ela.
A direção do Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha informou que no momento da chegada da ambulância com o idoso, a equipe médica estava atendendo a dois casos de parada cardiorrespiratória. E que os três pacientes chegaram quase simultaneamente.
A direção afirmou que os profissionais do hospital foram incorretos e deselegantes com a equipe do Samu - e que vai investigar o caso. Depois de ser atendido no segundo hospital, o aposentado Lourenço Mendonça recebeu alta.