- Atualizado em

Decepcionado, Sócrates diz que o futebol brasileiro perdeu identidade

Ex-jogador acredita que seguir o modelo utilizado na Europa não faz bem para o estilo do futebol brasileiro e da Seleção Brasileira

Por São Paulo

Presente em duas Copas do Mundo (1982 e 1986) defendendo o Brasil, o ex-jogador Sócrates se mostra incomodado com o atual momento da Seleção Brasileira. E diz que a ideia de copiar o estilo europeu faz com que o futebol brasileiro perca a sua identidade.

- A Seleção está como o futebol brasileiro: muito limitada, sem filosofia, sem saber exatamente o que quer. Nós continuamos tendo bons jogadores, mas não sabemos por onde andar com eles. Não vislumbro uma proposta. Então fica tudo meio perdido, meio jogado. O futebol brasileiro perdeu a identidade, nós abrimos mão da nossa cultura futebolística, querendo ser mais europeu do que os próprios europeus – destacou o ex-jogador no “Arena SporTV” desta segunda-feira.

Veja os bastidores da participação do ex-jogador

Sócrates contou que era uma grande festa quando tinha a oportunidade que defender a Seleção Brasileira, já que encontrava grandes jogadores e o futebol apresentado era um dos melhores. Na opinião do "Doutor", a Seleção de 82 é dos times mais cultuados do mundo. Para o capitão daquela equipe, um dos méritos desta equipe foi ter Telê Santana como treinador.

- Ele era muito coerente, e a coerência é fundamental. O Telê foi o treinador mais democrático dos que eu tive, apesar de ser extremamente conservador. Sempre formou grandes equipes exatamente por isso, por escolher os jogadores que se adequavam melhor entre si. Ele também fazia a gente treinar até cansar, o time achava o jeito de jogar, não era algo imposto. O Telê dava toda liberdade do mundo para as suas equipes. Por isso eram sempre grandes times – complementou.

Sócrates falou de diversos assuntos no “Arena SporTV”, desde a Democracia Corintiana, um dos movimentos extracampo mais importantes do futebol brasileiro, até sobre sua relação de amizade com o ex-jogador Walter Casagrande.

Democracia Corintiana
 

- Foi uma cena distinta. A prática estimulava que todos reconhecessem sua importância. A prática era para que todos se manifestassem. De alguma foram, todos foram bem estimulados (...) No time cada um tinha a sua função. Nós escolhíamos o treinador, mas ele tinha o papel dele. Cada função era absolutamente respeitada. Votávamos aquilo que era de interesse coletivo.

Concentração antes dos jogos

- A concentração é uma bobagem, é jogar dinheiro fora. Quando você concentra, o momento mais importante do domingo é o final do jogo, porque você ficou livre da prisão. Quando você não concentra o momento mais importante é o jogo. Então, teoricamente, você vai jogar muito melhor.

Amizade com Casagrande

- Eu aprendi muita coisa com ele, de conceito de vida. Eu era um garoto querendo saber muita coisa, e tive um professor que me deu a chance de aprender, ou não, já que era uma relação muito democrática - contou Walter Casagrande, ex-companheiro de Sócrates no Corinthians.

 - Quando eu conhecia o Casagrande ele era uma bombinha ambulante, um garoto cheio de gás. A nossa afinidade foi imediata, talvez uma troca de essências que nos dava muita coisa positiva - complementou Sócrates.