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Britânico diz no Senado que Justiça suíça possui confissão de Teixeira

Andrew Jennings, por outro lado, se recusa a assinar citação trazida por oficial de Justiça de processo movido pelo presidente da CBF contra ele

Por Brasília

Ricardo Teixeira em coletiva (Foto: Photocâmera)Ricardo Teixeira teria recebido propinas, afirma
repórter da BBC (Foto: Photocâmera)

O repórter Andrew Jennings, da emissora britânica BBC, disse nesta quarta-feira no Senado que o presidente da CBF e do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014, Ricardo Teixeira, teria recebido no início da década de 90 propinas no valor de US$ 9,5 milhões (R$ 16,6 milhões) da ISL, uma empresa de marketing esportivo. Jennings repetiu basicamente o que já publicou recentemente numlivro em que fala de um esquema de corrupção que existiria na Fifa e teria envolvido, além de Teixeira, o atual chefão da entidade, Joseph Blatter, e o seu antecessor, João Havelange. Antes do depoimento, Jennings, por outro lado, se recusou a assinar uma citação trazida por um oficial de Justiça para que deponha em janeiro em um processo por danos morais movido contra ele por Ricardo Teixeira, em que o dirigente pede uma indenização de R$ 10 mil, o equivalente a 0,5% do que o jornalista diz que ele teria recebido em propina..

De acordo com o repórter, a Justiça suíça possui confissões de Teixeira e Havelange de que receberam a propina, e um documento assinado por Blatter no qual ele admite ter conhecimento do episódio. Segundo Jennings, a papelada está em sigilo devido a um acordo feito pela Justiça suíça, no qual os acusados admitem os crimes e pagam uma compensação. A Suprema Corte do país, no entanto, já analisa um pedido para que as informações sejam tornadas públicas. Recentemente, Blatter afirmou que revelaria o teor do relatório da investigação no próximo mês de dezembro.

Jennings relatou parte da investigação que fez do escândalo durante os últimos anos. Em sua apresentação, citou outros dirigentes da Fifa que também teriam recebido propinas através da ISL. E chegou a chamar o atual secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, de "chantageador". O repórter falou em audiência pública na Comissão de Cultura, Educação e Esporte do Senado a convite do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e se colocou à disposição para falar sobre o tema à Polícia Federal e à Presidência da República.

Copa do Mundo

Jennings também falou sobre a Copa do Mundo. Primeiro, provocou, sem apresentar documentos, perguntou quem acreditaria que a escolha da Rússia e do Qatar para sedes das Copas de 2018 e 2022, respectivamente, não tenha incluído o pagamento de propinas. Sobre o Mundial do Brasil, em 2014, ele pediu mais firmeza do governo brasileiro na negociação com a Fifa - "eles não ousariam retirar a Copa do Brasil" - e aconselhou que Teixeira seja afastado da organização. O repórter chegou a sugerir que a presidente Dilma Rousseff "telefonasse" para Teixeira e pedisse a ele que se explicasse sobre o caso ISL.

- Vocês não podem interferir na CBF, mas em favor do interesse do seu país, vocês precisam tirar essas pessoas e colocar homens e mulheres honestos para organizar a Copa de 2014.

Jennings defendeu que o governo brasileiro entre em contato com o governo do Liechenstein e peça informações sobre a empresa Sanud que, segundo o repórter, seria o caminho utilizado pela ISL para pagar as propinas a Ricardo Teixeira. Com essas informações, disse ele, o governo poderia solicitar à Suíça os documentos em que constaria a confissão de Teixeira.

Jennings se recusa a assinar citação de oficial de Justiça

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu que o depoimento seja enviado à Presidência da República.

O presidente da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), informou também, logo no início da sessão, que pouco antes Jennings se recusara a assinar uma citação trazida por um oficial de Justiça para que deponha em 16 de janeiro de 2012 na 3ª Vara Cível do Fórum da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em um processo movido contra ele por Ricardo Teixeira.