17/12/2011 13h06 - Atualizado em 17/12/2011 15h54

Carnavalescos falam sobre morte de Joãosinho Trinta

'Ele tinha um espírito inovador', afirma diretor de Carnaval da Beija-Flor.
Carnavalesco Joãosinho Trinta morreu neste sábado (17) em São Luís.

Do G1, em São Paulo

Carnavalescos e amigos comentaram neste sábado (17) a morte do carnavalesco Joãosinho Trinta. Ele morreu durante a manhã em um hospital de São Luís, onde estava internado em estado grave desde o dia 3.

"Vai-se um gênio do Carnaval", afirmou o coreógrafo Carlinhos de Jesus. A escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, da qual Joãosinho fez parte, lamentou a morte por meio de nota. "Ele tinha um espírito inovador e ousado e foi peça importante para a transformação dos desfiles das escolas de samba no espetáculo que temos hoje", escreveu o diretor de carnaval da agremiação, Laíla.


Veja a seguir as palavras de carnavalescos, amigos e autoridades sobre Joãosinho Trinta:

Maria Augusta Rodrigues, carnavalesca e comentarista


“Ele deu ao Carnaval uma visão de espetáculo, uma concepção nova, operística. Ele criou esse Carnaval espetáculo, como hoje é visto, da escola de samba. Isso foi vital para nossa atividade, para essa força que o Brasil adquiriu a partir do Rio de Janeiro. Temos o antes e depois de João Trinta.”

Sobre as polêmicas alegorias do carnavalesco, diz: “O artista brasileiro cria polêmica, todo artista em qualquer área, em qualquer tempo”. “Um novo olhar exige mudanças. Ele fez essas coisas, ele criou um novo tipo de espetáculo. Depois do João, o Carnaval passou a ser um espetáculo. Ele verticalizou o espetáculo, a forma de usar os chapéus, alegorias de mão, dimensão de alegoria. As pessoas em cima dos carros, a maneira de colocar, ele inovou e ‘espetacularizou’ o Carnaval. É uma grande perda.”

Neguinho da Beija-Flor, intérprete oficial da escola de samba

“Essa é uma das tardes piores na minha trajetória. Era uma pessoa, somente na minha carreira, de uma importância que não tem nem como dizer. O Carnaval perdeu o seu principal. O Carnaval hoje tem a importância que tem, com certeza, 1.000 %, por causa do trabalho do Joãosinho Trinta. O Joãosinho era um gênio, mas naquele Carnaval ele se superou: ‘Ratos e Urubus, larguem minha fantasia’.”

Max Lopes, carnavalesco

“Eu aprendi muito com ele, todos os carnavalescos devem muito a ele porque ele foi o mentor intelectual da mudança do Carnaval. A gente deve muito a ele. Eu tive a chance de aprender com ele no ano do Rei Salomão no Salgueiro [1975]. Eu ainda era um aluno e fui aprendendo. É uma perda para uma festa puramente carioca e também para uma das maiores manifestações populares do mundo. Ele foi o mentor da grandiosidade do carnaval.”

Dilma Rousseff, presidente da República

"Nessa hora de tristeza, quero prestar minha solidariedade aos familiares, aos amigos e à legião de admiradores de Joãosinho Trinta. O Carnaval do Brasil fica mais triste sem a alegria e o talento de Joãosinho Trinta. Artista plástico, por mais de quarenta anos encantou a todos com a criatividade de suas produções, a inteligência de seus enredos e a ousadia de seus desfiles de escolas de samba no Rio de Janeiro. É uma grande perda. Joãosinho Trinta fez do Carnaval brasileiro uma das mais belas festas do mundo."

Paulo Barros, carnavalesco

“João foi o responsável pela grande mudança do Carnaval. O Carnaval tomou outro rumo a partir do trabalho dele. As escolas se adaptaram ao desfile dentro das concepções do Joãsinho. É muito triste a gente falar do homem João Trinta que se foi e que deixou essa história aí do Carnaval carioca e o carinho que ele deixou para o povo brasileiro. Porque é alegria. Acho que a tradução disso tudo que o João fez foi passar alegria para o povo.”

Cahê Rodrigues, carnavalesco da Grande Rio

“O João foi o grande incentivador da minha carreira. Tive a honra de homenageá-lo em 2010 no meu desfile da Grande Rio, exatamente no carro alegórico que lembrava de ‘Ratos e Urubus’, que foi um enredo divisor de águas no carnaval carioca e que era de autoria dele. Perdemos o mestre dos magos, nunca vai haver outro artista com aquela marca registrada do João.”

Nilo Mendes Figueiredo, presidente da Portela

"Morre um dos maiores carnavalesco da história do Carnaval carioca e brasileiro. Joãosinho fará falta ao mundo do samba. Se o Carnaval é hoje o maior espetáculo da terra, deve-se muito a ele. A Portela se solidariza com a família Beija-Flor e decreta luto oficial.”

Fábio Ricardo, carnavalesco da São Clemente, foi assistente Joãosinho Trinta

“É triste perder uma lenda do Carnaval, ainda mais porque eu trabalhei com ele por três anos. Apesar de ter sido pouco tempo aprendi muita coisa. Não esqueço das palavras, dos conselhos e das chamadas de atenção. O importante é lembrar das coisas boas que ele fez para o Carnaval. Acho que cada escola poderia falar sobre um enredo dele e fazer essa homenagem no ano que vem.”

Rosa Magalhães, carnavalesca

“O João é uma pessoa absolutamente intuitiva e era de uma imaginação muito grande, muito fértil. Eu conheci o Carnaval por causa dele de uma certa forma. A primeira vez que eu trabalhei foi com ele. Depois continuamos amigos com uma certa distância, mas eu não esperava um desfecho tão repentino. Ele era bailarino, foi do corpo de baile, e começou a fazer adereço. E aí começou a fazer Carnaval. O ponto de partida foi o Teatro Municipal.”

Lane Santana, carnavalesco da Acadêmicos de Santa Cruz, trabalhou com Joãosinho na Viradouro, na Grande Rio e no projeto Samba das Nações

“Perdemos um gênio. O último projeto em que trabalhamos juntos foi em 2008 com o Samba das Nações, em Brasília. Pude conhecê-lo melhor, já que moramos juntos e vi de perto suas influências do Maranhão e sua história de vida. Ele foi o grande incentivador para eu seguir na carreira de carnavalesco, aprendi com ele a não ter medo de errar. O Joãosinho sempre foi um guerreiro, mesmo com todas as complicações de saúde, ele continuava trabalhando com o Carnaval. Ele sempre dizia que morreria no dia em que não pudesse mais trabalhar.”

"Ele me adotou quando eu cheguei na Viradouro, em 1993, eu era ainda um adolescente”, lembra. Santana confessa que Joãosinho era uma pessoa obstinada pelo trabalho. “Ele era muito dedicado, talvez deixasse até de cuidar da saúde por isso”, diz o carnavalesco. “Na mídia, ele era tido como alguém alegre, mas quem estava do lado via o lado mais carrancudo, de quem é exigente com as coisas.”

Laíla, diretor de Carnaval da Beija-Flor de Nilópolis

 

“Ele tinha um espírito inovador e ousado e foi peça importante para a transformação dos desfiles das escolas de samba no espetáculo que temos hoje. A Beija-Flor está profundamente consternada e tenho certeza que é o mesmo que está sentindo toda a nossa comunidade.”

Alexandre Louzada, carnavalesco da Mocidade Independente

“Ele foi um mestre na arte de encantar as pessoas, de acrescentar ponto, vírgula e palavras às histórias que contava. Acho que todo mundo que está nesse meio sonha em chegar aonde ele chegou. Ele tinha o dom de justificar o injustificável, de provar que o Éden podia ser no Rio de Janeiro. São histórias que vão ficar na mente de todos os carnavalescos.”

Carlinhos de Jesus, coreógrafo

"Era um estudioso, inteligente, homem de profunda competência, que modificou completamente a leitura do Carnaval brasileiro. Existe o Carnaval antes e depois do Joãosinho, é uma grande perda. Uma perda que o Carnaval do Rio não vai recuperar.”

Carlinhos de Jesus também afirmou se lembrar dos ensinamentos que aprendeu com o carnavalesco, com quem conviveu. “Os ensinamentos que eu executo. Ele foi uma grande escola, uma pessoa de uma generosidade e simplicidade incrível. Ele sempre aquela pessoa muito gentil, muito solícita. Qualquer coisa que precisava ele tinha na ponta da língua a resposta, e de uma forma muito acadêmica, ele explicava, ele contava uma história”, conta.

Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro

 

"Joãosinho Trinta era um grande personagem do Carnaval brasileiro, em especial, do Carnaval carioca. Artista visionário, encantava e surpreendia a todos com as suas criações, os seus enredos, o modo como contava uma estória na Marques de Sapucaí. Ele será sempre lembrado por sua arte popular. E a sua frase ‘Pobre gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual’ deve ser estudada nos cursos universitários para que a elite entenda a sua profundidade."

Roseana Sarney, governadora do Maranhão

“Joãosinho Trinta elevou o nome do Maranhão com sua maestria e genialidade, transformando o Carnaval do Rio de Janeiro e do Brasil, esbanjando irreverência e criatividade. Ele será lembrado eternamente por sua capacidade de vencer desafios e traduzir em belos enredos a alegria de ser brasileiro.”

Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro

"Carioca de coração, esse maranhense usou sua criatividade para transformar definitivamente o carnaval carioca no maior espetáculo da Terra. Com a sua releitura inovadora na mais tradicional das festas cariocas, Joãosinho mudou a cara do desfile das escolas de samba e ajudou a divulgar para o mundo a grandiosidade do nosso Carnaval. O Rio e a cultura brasileira devem muito a Joãosinho Trinta."

Shopping
    busca de produtoscompare preços de