Edição do dia 21/11/2011

21/11/2011 21h29 - Atualizado em 21/11/2011 21h29

Censo aponta que tecnologia vem ganhando espaço nas salas de aula

Em dez anos, pulou de 10% para 38% o percentual de residências com computador. As grandes distâncias ainda são uma barreira, mas o isolamento na Amazônia é cada vez menor.

O IBGE divulgou, na semana passada, um retrato do Brasil em números: os dados do Censo 2010. Desde a última quarta-feira (16), o Jornal Nacional tem apresentado reportagens sobre as conquistas do país na última década e os problemas que ainda precisam ser resolvidos.

O repórter Alan Severiano aborda os avanços na educação e no acesso à tecnologia.

As grandes distâncias ainda são uma barreira, mas o isolamento na Amazônia é cada vez menor. “Meu pai sempre me falava que tinha que andar quilômetros para ir à escola”, conta um estudante.

Apesar de ter o maior percentual de pessoas de 7 a 14 anos fora da escola, a Região Norte foi a que mais progrediu. O índice caiu pela metade em uma década. No mesmo período, a média brasileira passou de 5% para 3%. Na faixa de 15 a 17 anos, também houve avanços, mas quase 17% dos adolescentes do país ainda estão longe da escola.

Rafael é um exemplo do que se espera de um país em desenvolvimento. Os pais dele só estudaram até a 5ª série. Ele conclui o ensino médio mês que vem. “Estou conseguindo realizar meus planos, faculdade logo mais. É um orgulho para mim”, revela.

Não basta ir à escola. É preciso aprender. Se um bom professor continua sendo fundamental para garantir um ensino de qualidade, a tecnologia vem ganhando espaço nas salas de aula para manter o interesse de uma geração que já nasceu conectada.

Carlos Drummond de Andrade nem desconfiava que suas poesias seriam recitadas por ele mesmo em uma lousa virtual. Por computadores e celulares ligados à internet, os alunos acompanham a aula. “Por ser mais interativo, a gente gosta mais, a gente presta mais atenção, não fica aquela baderna na sala”, avalia Esther Landshoff, de 16 anos.

Sem os recursos das escolas particulares, alunos da rede pública têm contato com a tecnologia em uma ONG. Aprendem a tirar fotos, fazer programas de rádio e páginas na internet.

“Aula de português do século XXI. Não é só o professor que vai avaliar essa escrita do blog. É muita gente! Está na internet, é para todo mundo ver”, diz Flávio Munhoz, coordenador da ONG Comunidade Cidadã.

A casa de Thamires não tem rede de esgoto, mas tem computador. Em dez anos, pulou de 10% para 38% o percentual de residências com o equipamento. Na casa dela, ele abriu uma janela para o mundo: “Da minha aldeia vejo quando da terra se pode ver no universo”, recita Thamires.

Foi pesquisando para um trabalho de escola que ela descobriu o autor dos versos. “Eu conheci Fernando Pessoa pela internet. Meu, ele é um supercara, uma superpessoa!”, define a jovem.