Economia

Chevron mantém silêncio sobre acidente em Campos

Geólogo da ONG SkyTruth calcula que vazamento supere os 3 mil barris de óleo
A área marcada pela linha amarela representa a mancha de óleo (oil slick) no Campo da Chevron, em Campos. Estimativa do geólogo John Amos, baseada em imagens captadas pela Nasa, mostra um volume é de 3.738 barris de óleo derramado.
Foto: Reprodução
A área marcada pela linha amarela representa a mancha de óleo (oil slick) no Campo da Chevron, em Campos. Estimativa do geólogo John Amos, baseada em imagens captadas pela Nasa, mostra um volume é de 3.738 barris de óleo derramado. Foto: Reprodução

RIO- A Chevron ainda não se pronunciou de forma mais detalhada sobre a decisão da Polícia Federal de instaurar inquérito para apurar o vazamento de petróleo que está ocorrendo há uma semana no campo de Frade, operado pela empresa americana Chevron, na Bacia de Campos, litoral do Estado do Rio.

O delegado federal Fábio Scliar, chefe da Delegacia de Meio Ambiente, disse que a decisão de abrir o inquérito foi tomada após uma inspeção feita terça-feira, por duas equipes da Polícia Federal, no local onde se localiza a mancha de óleo e a plataforma da petrolífera.

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Ontem, por email, a empresa americana se limitou a dizer a dizer que “respeita as leis dos países onde opera e está mantendo o diálogo constante com as agências competentes do governo brasileiro”.

A empresa também estimou que o volume de óleo vazado é é 400 a 650 barris. A projeção da ANP chega a mil barris. Já a estimativa foi feita pelo geólogo John Amos, com base de imagens captadas pela Nasa, a agência especial norte-americana) é bem pior: 3.738 barris. Amos é um dos fundadores da ONG SkyTruth, uma das primeiras entidades independentes a dimensionar o megaacidente da British Petroleum (BP), no Golfo do México, em 2010.

— Existem várias incongruências. Os funcionários da plataforma nos informaram que não há previsão para o fim do vazamento. E a fenda aberta no solo tem de 280 metros a 300 metros de extensão — destacou o Scliar.

Segundo o delegado da PF, se comprovada culpa dos operadores da plataforma, tanto os responsáveis diretos, como a própria Chevron, poderão ser indiciados por crime de poluição que prevê várias penalidades, entre elas prisão de um ano a três anos.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) abriu um processo administrativo para investigar as causas do acidente e informou, em nota, que poderá aplicar "medidas cabíveis" com base na legislação em vigor, sem entrar em detalhes. A ANP informou que mancha de óleo está se dispersando para longe do litoral brasileiro e que isso "gera um aumento da superfície de mancha, com menor densidade de óleo". E ainda que a diluição "é resultado do trabalho de dispersão mecânica realizada por navios que se encontram no local e por condições climáticas". Dos 18 navios que estão operando na área para conter o vazamento, dez foram cedidos pela Petrobras, Statoil, BP, Repsol e Shell e oito são da Chevron.

O campo Frade fica a 370 quilômetros a Nordeste da costa do Estado do Rio, a cerca de 1.200 metros de profundidade, e produz diariamente cerca de 79 mil barris de petróleo. O vazamento na Bacia de Campos, começou um dia antes da passeata que mobilizou o estado do Rio em torno da situação dos royalties. Desde o último dia 10, quando foi confirmada a existência de uma mancha de óleo no local estima-se que tenha jorrado um volume entre 400 e 650 barris por dia no mar da região, que fica a 370 quilômetros a nordeste do Rio de Janeiro. Na segunda-feira, a mancha chegou a ter uma área de 163 quilômetros quadrados.

O motivo do vazamento ainda está sendo investigado. Mas, segundo a companhia, as inspeções feitas no local mostram que o vazamento não estaria relacionado às atividades de produção, por isso o campo continua produzindo normalmente. Apenas as atividades de perfuração de poços vizinhos foram paralisadas, já que a origem do petróleo seria uma falha na superfície do fundo do mar, que ficaria próxima a um ponto de perfuração.