08/12/2011 08h48 - Atualizado em 08/12/2011 08h48

Artistas de Parintins ajudam a dar vida às criações do carnaval carioca

Equipe de 25 pessoas passa seis meses no Rio trabalhando para escolas. Soluções criativas dão leveza e movimento aos imensos carros alegóricos.

Do Bom Dia Rio

O desfile das escolas de samba é um patrimônio cultural do qual o Rio de Janeiro se orgulha muito. E todo o trabalho desenvolvido nos barracões, todas as técnicas foram sendo inventadas, adaptadas para dar vida às criações dos carnavalescos. Mas o carnaval do Rio se rendeu a uma novidade que veio de muito longe, lá do Amazonas. Nesta quinta-feira (8), a série "A arte no barracão", do Bom Dia Rio, mostra as soluções criativas que dão leveza e movimento aos imensos carros alegóricos. E mostra que quando a ideia é boa, é sempre bem-vinda.

No último fim de semana de junho, a cidade amazonense de Parintins se torna cenário da disputa entre os bois Garantido, de cor vermelha, e Caprichoso, de cor azul. Durante três noites, as apresentações sobre as lendas e costumes amazonenses são feitas com encenações e grandes alegorias.

E o carnaval do Rio se rendeu à beleza dessa festa e ao talento dos artistas do Amazonas.

Aliel Cardoso é um dos parintinenses que se mudam para o Rio de Janeiro durante seis meses por ano para fazer o carnaval. "(A gente)Fica direto aqui. Quando o trabalho está adiantado, a gente vai (a Parintins) passar o Natal e o Réveillon. Agora, quando não, a gente passa longe da família mesmo, pra mostrar um carnaval bonito", contou o artista do Festival de Parintins, durante um intervalo no trabalho no barracão da Renascer de Jacarepaguá.

Rossi Amoedo é o coordenador do grupo de 25 parintinenses que cuida de das alegorias de cinco escolas do Grupo Especial, entre elas a estreante Renascer de Jacarepaguá. "É muito bom ser parintinense e poder colaborar para o carnaval", disse o artista, que acredita que os conterrâneos usam uma técnica especial e muito particular desenvolvida ao longo dos anos.

"Eu acho que é do parintinense, isso é da cultura de Parintins. Foi uma coisa que foi desenvolvendo ao longo dos anos, foi passando de um pro outro, do escultor pro soldador. Então, Parintins desenvolveu isso. Parintins hoje é o lugar do Brasil que tem mais artista por metro quadrado", afirmou Amoedo. 

Para o artista Ismael da Silva Vieira não há truque, e sim muito trabalho. "O truque é criatividade, é botar a cabeça pra funcionar e saber colocar as peças, os cortes no lugar certo. Não tem um curso pra ensinar isso, é tu meter a cara e foi, saiu a peça", contou. "A gente pega, olha pra peça e fica analisando um jeito melhor de fazer e começa a fazer até aperfeiçoar a peça".

Ele lembra da dificuldade que foi fazer o carro abre-alas da Vila Isabel no carnaval deste ano. "Movimentos como o de tromba do elefante, é um movimento bastante complicado. Fiz três maquetes e não conseguia, nada dava certo, até encontrar um caminho. Ficou lindo, graças a Deus", disse.

Inicialmente, os projetos dos carros alegóricos são desenvolvidos em maquetes - que quando aprovados vão para o papel. Todos os movimentos são mecânicos, com uso de cabos de aço, corda e, claro, da força humana, responsáveis por movimentar pequenas e grandes peças.

O grupo de Parintins tem uma solução inusitada para facilitar esse trabalho: a borracha cirúrgica, que diminui a força necessária para controlar as peças. Na hora do desfile, de 10 a 15 pessoas controlam a engrenagem dentro do carro alegórico.

"Muitas pessoas acham que é coisa elétrica, que não é manual. Mas na verdade tudo é artesanal, são pessoas que estão lá dentro, durante 35 minutos, puxando, suando", contou Rossi Amoedo. "É uma academia, na verdade", brincou.

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