Rio

Rocinha tem 90% do comércio na informalidade

Lojas chegam a 6.500. Sebrae aponta potencial econômico na favela, mas ressalta importância da capacitação
Policiais civis fazem operação para coibir a venda de produtos piratas na Favela da Rocinha Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Policiais civis fazem operação para coibir a venda de produtos piratas na Favela da Rocinha Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

RIO - Sem pagar impostos ou oferecer garantias trabalhistas aos seus funcionários, 90% dos cerca de 6.500 empreendimentos existentes na Rocinha hoje são informais. O diagnóstico é do superintendente do Sebrae Rio, Cezar Vasquez. Para ele, a pacificação derruba uma série de barreiras e abre oportunidades para empresários, de dentro e de fora da favela.

— Até o início do processo de implantação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), num ambiente controlado pelo tráfico, o dono de um comércio, por exemplo, não encontrava estímulo nenhum para formalizar seu negócio, para o bem e para o mal. Dentro da lei, ele tem obrigações, precisa pagar imposto, mas os benefícios são infinitamente maiores, como o acesso ao crédito e a possibilidade de emissão de nota fiscal — analisou o superintendente do Sebrae, acrescentando que, nas próximas semanas, agentes do Sebrae vão fazer um mutirão na comunidade.

Ontem, a Polícia Civil apreendeu cerca de 20 mil itens piratas no Camelódromo da Rocinha e numa locadora de filmes piratas na localidade do Valão: a "Rocbuster", nome em alusão a uma rede mundial de locadoras.

‘Por que não se tornar um Saara da Zona Sul’?

Na avaliação de Cezar Vasquez, do Sebrae, as novas possibilidades de negócios trazem a reboque a necessidade de capacitação dos empreendedores locais. Ele alerta que quem não se preparar para competir não vai sobreviver. Em outras comunidades que receberam UPPs, dos oito mil microempresários procurados pelos agentes, 25% deles se formalizaram.

— Agora, os empreendedores da Rocinha vão ter de oferecer melhores condições, como aceitar cartões de crédito. O mercado da comunidade é muito atraente e fica aberto a todos, inclusive a pequenas franquias já estabelecidas fora dali. Por outro lado, o pequeno empresário da Rocinha pode expandir o negócio para fora da comunidade — afirmou Vasquez.

O superintendente do Sebrae não acredita, no entanto, que a geografia da favela permita a chegada de grandes redes, como um supermercado, que precisa de uma área extensa para abrigar suas instalações. Na visão dele, os maiores potenciais da Rocinha estão no turismo e no comércio:

— A comunidade já tem um comércio pujante. Mas, havendo capacitação de verdade, por que a Rocinha não pode se tornar um pólo de comércio popular, funcionar como uma espécie de Saara na Zona Sul?