O objetivo de todo candidato que presta concurso público é conquistar uma vaga no setor público, independentemente da classificação final. Conseguir o primeiro lugar é, portanto, um mérito obtido após muita dedicação. Candidatos ouvidos pelo G1 que conseguiram essa façanha trilharam um longo caminho, que inclui vários concursos prestados, até verem seus nomes no topo da lista de aprovados.
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Todo projeto de longo prazo terá momentos de ânimo e vontade de desistir. Procure se preparar para os dias de baixa: eles virão e você vai precisar aprender a lidar com eles. A motivação deve ser trabalhada diariamente. Todos os dias você pode e deve lembrar os motivos que o estão fazendo estudar, ter planos, persistir.
Com organização, disciplina e força de vontade, é possível conciliar um estudo eficiente com uma vida onde haja espaço para lazer. A qualidade de vida associada às técnicas de estudo são muito mais produtivas do que a tradicional imagem da pessoa trancafiada estudando 14 horas por dia.
Faça um quadro horário, colocando nele todas as tarefas a serem realizadas, o que vai levá-lo a estabelecer prioridades. Também é recomendável que você separe tempo suficiente para dormir, fazer algum exercício físico e dar atenção à família ou relacionamento.
Não queira parecer mais inteligente que o examinador ou criticá-lo. Preste atenção mesmo às questões fáceis ou aparentemente simples. Ao fazer uma prova, nunca perca de vista o objetivo: passar. O objetivo não é ser o primeiro colocado, e sim acertar as questões, tentar fazer o máximo de pontos, mas ficar feliz se acertar o mínimo para passar.
Em provas objetivas, seja metódico ao responder. Nas dissertativas, seja objetivo e mostre seus conhecimentos. O início e o final das dissertativas devem ser breves; o desenvolvimento (miolo) serve para demonstrar seus conhecimentos sobre o tema. Nessa parte, anote tudo o que você se recordar sobre o assunto e estabeleça relações. Se não tiver certeza a respeito de um comentário, adendo ou exemplo, elimine-o.
Para os simulados, resolva questões e provas da matéria que estudou, como forma de fixar o conteúdo. Periodicamente, faça um concurso simulado, observando o tempo real da prova e o uso apenas do material permitido pelo processo seletivo. Outra dica boa é fazer os simulados oferecidos pelos cursos preparatórios.
Se você está acostumado a pensar numa prova apenas como aluno, aprenda a vê-la com os olhos do examinador. Em duplas ou grupos, passe a fazer provas e trocá-las para correção. Corrija-as como se fosse o próprio examinador. Você aprenderá a ver a prova com outros olhos e isto facilitará seu desempenho quando reassumir o papel de aluno. Treine para fazer provas orais reparando a postura e respostas do colega como se você fosse da banca.
O uso de mais de uma cor nas anotações estimula mais a atenção e o lado direito do cérebro. Pode-se correlacionar cores com assuntos ou com referências. Por exemplo, o que está em vermelho são os assuntos mais “quentes” para cair, o que está em azul são as exceções, os princípios podem ficar na cor verde, e assim por diante.
Na primeira leitura, procure apenas a idéia principal, conteúdos importantes que sejam rapidamente captados. Essa primeira leitura é rápida, descompromissada, sem a preocupação com a compreensão total. Na segunda leitura faça uma análise melhor, comece a tirar conclusões pessoais, a criticar, concordar, anotar, sublinhar. Na terceira leitura, você já pode sintetizar, resumir. Ao final dela você já deverá sentir-se apto a fazer um texto sobre o tema.
Comece a redigir todos os dias ou, pelo menos, toda semana. Separe horários específicos apenas para isso. Experimente começar a escrever um diário, poesias, contos, fazer descrições de objetos, narrar fatos ou problemas, dissertações sobre assuntos em geral e assuntos da matéria da prova, resumos de livros e filmes.
Fonte: William Douglas, autor do livro "Como passar em provas e concursos", da Campus/Elsevier
"Ser primeiro colocado é um 'acidente', algo que acontece. Apenas é o resultado de naquele dia, e naquele grupo, você ter tido o melhor resultado. A garra, a determinação e disciplina são necessárias para a aprovação de qualquer um, não só do primeiro", diz William Douglas, que passou em primeiro lugar em quatro dos sete concursos públicos em que foi aprovado, entre eles para juiz e defensor público.
Mas antes dessa façanha ele conta que foi reprovado em seis concursos. Atualmente ele é juiz titular em Niterói e autor de 27 livros sobre técnicas e dicas de preparação para os exames. O mais conhecido, com 120 mil exemplares vendidos, é "Como passar em provas e concursos", publicado pela editora Campus/Elsevier.
"A preparação para concursos é um processo de
amadurecimento. No início, não conseguia ficar nem 15 minutos
estudando, não conseguia organizar meus horários nem vencer a
tentação de ir para o lazer. Apenas com o tempo e com as
reprovações descobri que não viraria o jogo se não me esforçasse
mais. Outro ponto importante foi ver que valia a pena o
sacrifício, pois depois eu teria tempo, estabilidade e dinheiro
para aproveitar melhor a vida, além de poder ter uma função
útil, algo que fizesse sentido", afirma.
Douglas conta que não tinha o sonho de ser o
primeiro colocado. Apenas queria passar e conseguir a vaga. Para
ele, para ser bem-sucedido, o candidato precisa aprender a
organizar o tempo, administrar as prioridades e aprender a
gostar de estudar, vendo o que o estudo pode oferecer de bom.
"Qualquer pessoa pode se esforçar e mudar sua história, é
possível reverter reprovações e transformá-las em caminho para
futuras aprovações".
Ele cita dois de seus "mantras" para
quem está em busca da conquista da vaga: "A diferença entre
o sonho e a realidade é a quantidade certa de tempo e
trabalho" e "Concurso público: a dor é temporária, o
cargo é para sempre".
"Quero dizer com isso que para obter as
coisas boas que o concurso público oferece é preciso uma boa
dose de dedicação e persistência, e permancer no projeto o tempo
suficiente para colher os frutos do investimento feito. Se a
pessoa fizer isso, se aguentar o esforço, será premiada e
conseguirá o que deseja."
Rinaldo Aparecido da Silva, 41 anos, já prestou cinco concursos desde julho de 2007 e passou em três – na São Paulo Turismo (SPTuris) passou em primeiro lugar para contador, e espera ser chamado. Enquanto isso, trabalha como consultor de planejamento e análise de negócios em uma consultoria e pretende prestar ainda o concurso do Metrô de São Paulo para cadastro de reserva e para a Controladoria-Geral da União. Seu sonho é ser auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) ou do Estado, cargos para os quais o salário gira em torno de R$ 22 mil.
Para atingir seu objetivo, ele estuda no mínimo cinco horas por dia. Mas faz uma ressalva: sempre faz um intervalo de 10 minutos a cada 50 de estudo. “Dou uma volta, lavo o rosto, tomo um café. O importante é dar uma pausa”, diz.
Formado em dois cursos superiores (Ciências
Contábeis e Administração de Empresas) e defensor ferrenho da
leitura, Silva diz que lê três vezes os livros. “A primeira vez
é para ter uma noção geral do assunto, a segunda para marcar com
uma caneta vermelha as palavras-chaves e a terceira para fixar
as matérias na cabeça”.
Outro conselho que Silva dá a quem está na luta
por uma vaga é persistência. “A pessoa não pode desistir nem
pensar em coisas negativas porque isso atrapalha a concentração.
O cérebro tem que ficar focado no estudo. Dedicação é
fundamental, leva tempo para absorver a informação.”
Além disso, ele mantém uma agenda na mesa de
estudos para anotar possíveis lembranças que lhe vêm à mente
durante os estudos, como contas para pagar e outros afazeres
domésticos. Mas Silva não abre mão do lazer nos finais de
semana. Procura viajar sempre com a namorada, que conheceu
fazendo concurso público. Quando tem uma prova perto, ele leva o
livro na viagem para estudar.