Edição do dia 04/01/2012

05/01/2012 01h03 - Atualizado em 05/01/2012 01h03

Excesso de veículos compromete mobilidade em cidades brasileiras

Segundo especialistas, no entanto, o carro não é o vilão da história. Prefere o automóvel quem não tem um transporte público eficiente.

Patrícia TauferSão Paulo, SP

Pelo quinto ano consecutivo, foi batido o recorde de venda de veículos no Brasil, mas as grandes cidades já não aguentam o volume de carros nas ruas e não tem transporte público de qualidade.

Imagine 10 mil veículos a mais nas ruas brasileiras todos os dias. Absurdo? Foi exatamente o que aconteceu no ano passado. Em 2011, a venda de carros, caminhões e ônibus bateu recorde pelo quinto ano seguido, mesmo com a desaceleração da economia no segundo semestre. Foram 3.633.006 veículos vendidos.

“Esse pessoal que veio da classe média emergente e que entrou para o consumo usa o carro. Eles deixaram de usar o transporte público, porque sofreram a vida inteira e não querem mais”, afirma o economista Ayrton Fontes.

O carro hoje, em muitas cidades, não significa maior mobilidade. Pelo contrário, acaba entupindo o trânsito. No ano passado, o tempo médio de deslocamento do paulistano foi de 2h49. Segundo especialistas, no entanto, o carro não é o vilão da história. Prefere o automóvel quem não tem um transporte público eficiente.

“A população quer metrô, porque sabe que resolve. Todas as obras viárias que foram feitas nos últimos 30 anos na cidade (de São Paulo) não resolveram o problema. Uma obra viária resolve um gargalo aqui e joga os automóveis em um congestionamento 500 metros a frente”, diz o consultor de transportes Sergio Ejzenberg.

Em São Paulo, por exemplo, os 11 milhões de habitantes têm pouco mais de 74 quilômetros de metrô para se deslocar, muito menos do que grandes capitais como Londres e Nova York, que têm população menor e cinco vezes mais quilômetros de metrô. Veja abaixo:

cidade população km de metrô
São Paulo 11,3 milhões 74,3
Londres 7,6 milhões 402
Nova York 8,4 milhões 370

 "É uma questão de foco, porque dinheiro não falta. Os impostos que são pagos dariam para construir metrô aqui”, conclui Ejzenberg.