O uso de embalagens descartáveis cresceu 30% no Estado de São Paulo entre dezembro e janeiro, segundo a associação que representa o setor. Para a indústria, o aumento está vinculado à crise no abastecimento em várias cidades. Os consumidores acreditam que, utilizando pratos e copos de plástico, estão economizando água, mas uma pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) prova o contrário. A diferença entre lavar um copo de vidro e produzir um copo descartável pode ser de até 10 vezes no consumo.
Moradora de Araras, cidade que enfrenta há meses o racionamento, a comerciante Sandra Bueno de Lima optou por trocar os copos de vidro pelos descartáveis e disse que conseguiu economizar. “Eu gastava em torno de R$ 140, R$ 150 por mês de conta de água. Hoje eu gasto R$ 39, R$ 40”.
Ela não foi a única na cidade. Éder Zaqueu, gerente de uma loja de produtos descartáveis, notou um aumento de 30% a 40% nas vendas. “Restaurantes e lanchonetes procuram bastante os copos. Já donas de casa procuram quando vão fazer alguma festa”, afirmou.
O que muitos desses consumidores não sabem é que, para ganhar formato, o copinho tem que ser derretido, colocado em um molde e resfriado, um processo que consome água.
Presidente da Associação dos Fabricantes de Embalagens Descartáveis, Anselmo Freitas disse que a maior parte da água no processo é reutilizada. “Ela circula dentro da empresa, vai para as máquinas, onde são resfriados os moldes, e volta para os refrigeradores”, afirmou. Porém isso não se aplica a todas as indústrias.
pelos de plástico (Foto: Ely Venâncio/EPTV)
As fabricantes que contam com um processo de produção aprimorado conseguem produzir um copinho com 500 ml de água, mas, segundo pesquisadores da UFSCar, o modelo tradicional de fabricação chega a consumir até três litros de água por unidade de plástico, volume 10 vezes maior ao da lavagem de copos duráveis, que consome 300 ml.
Além do gasto extra na produção, a bióloga Liane Biehl Printes destacou a cadeia de descarte dos plásticos, que podem contaminar rios e mares. “E se, por sorte, forem encaminhados para a reciclagem, também há um gasto porque antes de serem reciclados esses copos precisam ser lavados da mesma maneira que os copos duráveis. Vai mais água”.
A especialista da UFSCar disse que a melhor alternativa é lavar a louça sem esbanjar. “Ensaboar tudo de uma vez, depois enxaguar. Tem gente que usa aquele método antigo de colocar em uma bacia, também é eficiente. Vai economizar água”, contou.
O mesmo vale para quem possui máquina de lavar louças. O equipamento economiza até 80% de água em relação à lavagem na pia, de acordo com Liane.