France Presse

26/06/2015 06h47 - Atualizado em 26/06/2015 14h47

Atentado terrorista deixa um morto e feridos em usina na França

Homem com bandeira islamita invadiu local e detonou cilindros de gás.
Cabeça decapitada com inscrições em árabe foi encontrada.

Da France Presse

Um atentado terrorista cometido nesta sexta-feira (26) contra uma usina de gás em Saint-Quentin Fallavier, perto da cidade francesa de Lyon, deixou ao menos um morto, cuja cabeça decapitada foi encontrada em uma grade no local do ataque, coberta de inscrições em árabe. Outras duas pessoas ficaram feridas.

O homem decapitado foi identificado como um empresário de Lyon, centro-leste da França, informaram fontes ligadas à investigação. Ele seria o empregador do suposto autor do atentado, que foi preso, de acordo com uma fonte próxima ao caso.

A cabeça da vítima foi encontrada presa às grades da fábrica do grupo Air Products em Saint-Quentin-Fallavier. Ela estava cercada por duas bandeiras islâmicas, o que seria um sinal de uma encenação.

Arte ataque frança - vale este (Foto: Arte/G1)

Três pessoas foram detidas - entre elas o principal suspeito do crime,  identificado como Yassim Salhi, de 35 anos e original de Saint-Priest, na periferia de Lyon, segundo o governo francês.

De acordo com o Ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, o preso foi acompanhado pelas autoridades entre 2006 e 2008 por supostas atividades radicais, mas a partir desta data deixou de ser visto como uma ameaça.

Nesse tempo, o suspeito teve vínculo com movimentos salafistas, mas "não foi identificado que participasse de atividades de caráter terrorista", disse.

"Esta pessoa era tema de um arquivo "S" ("segurança") por radicalização em 2006, que não foi renovado em 2008. Ele não possui registros criminais", disse Cazeneuve a jornalistas no local do ataque.

Uma segunda pessoa foi detida horas depois. "Um veículo foi visto dando voltas suspeitas nos arredores do complexo, o número da placa foi investigado e seu proprietário identificado. Ele foi detido na localidade de Saint-Quentin-Fallavier", afirmou uma fonte ligada ao caso.

A esposa do suposto autor do ataque foi a terceira pessoa detida, segundo uma fonte judicial.

O presidente francês, François Hollande, afirmou que o atentado é de "natureza terrorista, já que foi encontrado um cadáver decapitado com inscrições" no local do crime. "A intenção era, sem dúvida, causar uma explosão. Foi um ataque terrorista", declarou Hollande a repórteres em Bruxelas, onde participava de uma cúpula de chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE).

Ele aumentou o alerta de segurança no local do ataque para o mais alto existente.

O presidente explicou que o ataque foi lançado por meio de "um veículo conduzido por uma pessoa, talvez acompanhada de outra, e que a grande velocidade, e com cilindros de gás, se lançou sobre este centro, considerado sensível". "Não há dúvidas quanto à intenção, que é provocar uma explosão", acrescentou.

O veículo com o qual o suposto terrorista atacou a fábrica, era autorizado para entrar na empresa, por isso que não levantou suspeitas, informou o prefeito de Isère, Jean-Paul Bonnetain.

Em declarações a um grupo de jornalistas, o prefeito explicou que o veículo "não precisou entrar de surpresa" na fábrica, já que contava com a permissão necessária para fazê-lo nesta instalação classificada de "baixo risco industrial".

Fora da usina atacada foi encontrada uma bandeira com inscrições em árabe, disseram as autoridades. Elas ainda são analisadas. Além disso, ainda não se sabe se o corpo decapitado de uma pessoa que foi achado nas imediações da usina, foi transportado para lá ou não.

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Investigadores e policiais trabalham em uma usina de gás onde pelo menos duas pessoas ficaram feridas após um atentado em Saint-Quentin-Fallavier, na França. A cabeça de um homem decapitado, com inscrições em árabe, foi encontrada próxima ao local (Foto: Emmanuel Foudrot/Reuters)Investigadores e policiais trabalham em uma usina de gás onde pelo menos duas pessoas ficaram feridas após um atentado em Saint-Quentin-Fallavier, na França. A cabeça de um homem decapitado, com inscrições em árabe, foi encontrada próxima ao local (Foto: Emmanuel Foudrot/Reuters)

Governo e segurança
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, ordenou o reforço das medidas de segurança nas zonas sensíveis perto da usina.

Valls, que está em uma viagem oficial à América do Sul, solicitou que o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, se dirija a Saint-Quentin Fallavier, o local do ataque, informou a comitiva do primeiro-ministro.

Hollande, que participa nesta sexta de uma cúpula europeia em Bruxelas, voltará no início da tarde a Paris, indicou a presidência.

"Voltará no início da tarde e está em contato permanente com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, e com os serviços do Estado", indicou uma fonte próxima. O ministro da Defesa francês anunciou que às 13h GMT (10h de Brasília) um Conselho de Defesa se reunirá na presidência.

Policiais franceses colocam bloqueios na rua de acesso à área industrial da Saint-Quentin-Fallavier, perto de Lyon, na França, onde uma usina de gás foi alvo de um atentado terrorista (Foto: Emmanuel Foudrot/Reuters)Policiais franceses colocam bloqueios na rua de acesso à área industrial da Saint-Quentin-Fallavier, perto de Lyon, na França, onde uma usina de gás foi alvo de um atentado terrorista (Foto: Emmanuel Foudrot/Reuters)

A seção antiterrorista da Promotoria de Paris anunciou que abriu uma investigação por "assassinato e tentativas de assassinato em grupo organizado e em relação a um ato terrorista".

Também investiga as acusações de "destruição e degradação através de uma substância explosiva em grupo organizado e em relação a um ato terrorista" e de "associação terrorista para cometer atentados contra as pessoas".

O ataque desta sexta ocorre depois que em janeiro vários atentados jihadistas em Paris deixaram 17 mortos. O principal deles foi contra a sede do semanário francês Charlie Hebdo, no qual 12 pessoas foram mortas, entre elas os cartunistas Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, e o lendário Georges Wolinski.

A França conta com uma alta proporção de cidadãos lutando nas fileiras dos islamitas no Iraque e na Síria e está em alerta ante possíveis ataques em seu território desde os atentados na redação da Charlie Hebdo.

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