24/03/2015 14h50 - Atualizado em 26/03/2015 12h15

Queda de avião na França: veja o que se sabe e o que ainda falta esclarecer

O copiloto teria derrubado o avião deliberadamente; 150 pessoas morreram.
Airbus da Germanwings ia da Espanha para a Alemanha e caiu nos Alpes.

Do G1, em São Paulo

Autoridades da França investigam as causas que levaram à queda do voo 4U9525, que ia de Barcelona (Espanha) a Düsseldorf (Alemanha) e caiu com 150 pessoas a bordo nos Alpes franceses nesta terça (24).

Nesta quinta-feira (26), a Promotoria francesa disse que há evidências de que o copiloto, que estava sozinho na cabine, teria derrubado o avião de maneira deliberada.

O QUE SE SABE
- O Airbus A320 da Germanwings perdeu altitude rapidamente de forma voluntária;
- O copiloto estava sozinho na cabine no momento do acidente;
- A queda durou 8 minutos e não foi emitido sinal de emergência.

O QUE FALTA SABER
- Investigadores não sabem os motivos da redução altitude e da queda;
- Não se sabe detalhes do perfil e histórico do copiloto;
- Ainda não foi encontrada a segunda caixa-preta, com dados do voo.

 

Veja mais detalhes sobre o caso:

Qual foi a razão da queda?
As investigações não foram encerradas, mas há evidências de que o copiloto do Airbus A320 teria provocado a queda de maneira deliberada. Ainda não se sabem os motivos. Identificado como Andreas Lubitz, o copiloto tinha nacionalidade alemã e não estava fichado como suspeito de terrorismo.

O aconteceu pouco antes do acidente?
Segundo a Promotoria francesa, o copiloto ficou sozinho na cabine e reduziu a altitude de maneira voluntária. Ele não emitiu nenhum alerta de emergência.

Registros de áudio, recuperados da caixa-preta, mostram que o piloto deixou a cabine e que Andreas Lubitz se recusou a reabrir a porta. Segundo o “New York Times”, seria possível escutar o piloto tentando arrombar a porta.

Por que o piloto não conseguiu abrir a porta por fora?
Segundo a Lufthansa, dona da companhia aérea Germanwings, se o piloto saiu e o que ficou dentro está inconsciente, há um código que pode ser usado para abrir a porta. Mas a pessoa que está do lado de dentro pode impedir a abertura.

Como era a relação entre o piloto e copiloto?
Durante os primeiros 20 minutos de voo, há uma troca de cortesias e até mesmo brincadeiras entre os dois. Quando o piloto começa a preparar o procedimento para a aterrissagem em Düsseldorf, o copiloto se mostrou mais "lacônico".

O copiloto passou mal?
As gravações dão a entender que Andreas Lubitz estava bem, respirava normalmente e não parecia ter sofrido problema de saúde, como um AVC ou infarto.

Foi suicídio?
Com os dados que a investigação tem até agora, não é possível falar em suicídio, segundo o promotor Brice Robin, que reforçou que todas as informações são preliminares e que as investigações continuam.

A caixa-preta registrou sons dos passageiros?
Só nos últimos minutos da gravação se ouvem gritos dos passageiros. A Promotoria não deu detalhes sobre isso.

Pode ter havido explosão?
Rémi Jouty, diretor do BEA, órgão francês que investiga o acidente, disse que parece improvável ter ocorrido uma despressurização ou explosão.

O tempo na região pode ter influenciado a queda?
É pouco provável que as condições meteorológicas tenham relação com o acidente, segundo o BEA.

O que se sabe sobre o copiloto?
Segundo o jornal inglês "The Guardian", Andreas Lubitz era descrito por vizinhos como uma pessoa amigável e que perseguia seus sonhos "com vigor". “Ele estava feliz por ter o emprego na Germanwings e estava indo bem”, disse Peter Ruecker, um conhecido do copiloto.

Lubitz havia sido contratado em setembro de 2013 e tinha 630 horas de voo de experiência, informou a Lufthansa à AFP. Segundo jornais internacionais, ele se formou na escola de voo da Lufthansa em Bremen e obteve sua licença de voo em junho de 2010.

De acordo com o promotor de Marselha, o copiloto tinha 28 anos e era natural de Montabaur, Rhineland-Palatinate, na Alemanha. Ele vivia com os pais na cidade e também tinha uma moradia em Düsseldorf.

O copiloto Andreas Lubitz (Foto: Reprodução)O copiloto Andreas Lubitz (Foto: Reprodução)

O que falta saber sobre o copiloto?
O promotor Brice Robin disse que não tem nenhuma informação sobre o perfil psicológico ou a filiação religiosa do copiloto. Ele reiterou que Andreas Lubitz não estava em lista de suspeitos de terrorismo.

Quanto tempo durou a queda?
As primeiras informações já indicavam que a queda durou 8 minutos. A aeronave perdeu contato com o tráfego aéreo francês quando estava a 6 mil pés de altura.

A que horas o avião partiu, e quando a queda ocorreu?
A aeronave da Germanwings, uma empresa da Lufthansa, começou o procedimento de decolagem às 9h55 (horário local de Barcelona) na pista do aeroporto El Prat e 35 minutos depois, aproximadamente, começou a perder altura.

Onde ocorreu o acidente?
Nos Alpes franceses, próximo a Digne-les-Bains, na região de Alpes-de-Haute-Provence. Os destroços estão a 2.000 metros de altitude, em um local de difícil acesso. Clique para ver ampliada a foto do local do acidente feita por um jornal.

Confira também a localização no mapa abaixo:

Mapa queda de avião França V3 (Foto: G1)

Quantas caixas-pretas foram localizadas?
O avião tinha duas caixas-pretas. Uma delas foi achada no dia do acidente. Nela estão os dados de áudio do voo, com as conversas da cabine entre a tripulação e todos os sons e anúncios ouvidos na cabine do piloto, incluindo os alarmes que eventualmente podem soar.

Apenas a carcaça da segunda caixa-preta foi achada, e seu conteúdo continua sendo procurado.

Há sobreviventes?
O governo francês diz que, pela força do impacto e pela cena encontrada no local do acidente, há poucas esperanças de localizar sobreviventes.

Quais eram as nacionalidades dos passageiros do voo?
Ainda não foi divulgada uma lista de passageiros, mas segundo as informações da companhia Germanwings, entre as 150 vítimas do acidente, havia 72 alemães, 35 espanhóis, 2 australianos, 2 argentinos, 2 iranianos, 2 venezuelanos, 2 americanos, 1 britânico, 1 holandês, 1 colombiano, 1 mexicano, 1 dinamarquês, 1 belga e 1 israelense.

Outras vítimas ainda não tiveram a nacionalidade identificada. Ao todo, eram 144 passageiros, dois pilotos e quatro tripulantes.

Entre os mortos estão estudantes, cantores e recém-casados. Veja quem são algumas das vítimas.

Pode haver brasileiros entre as vítimas?
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, até o momento não há informações da presença de nenhum brasileiro no avião. O Itamaraty diz que o consulado brasileiro em Barcelona está checando a lista de passageiros com as autoridades europeias.

O gerente de exportação Rafael Rebello, que mora em Barcelona, conta que desistiu na última hora de comprar passagem para o voo 4U9525. O brasileiro diz que o preço da companhia o levou a "mudar a data e ir por outra companhia". Leia o relato.

Já foi feito o resgate dos corpos dos passageiros?
Não. O tenente-coronel Jean-Paul Bloy, que participa das buscas, disse ao site “Haute-Provence” que os destroços estão espalhados por uma área de cerca de um hectare, de difícil acesso e muito íngreme. "Há uma dúzia de detritos grandes, o resto é muito fragmentado", afirmou. Ele disse que "pode levar vários dias para retirar os corpos da zona de queda."

Como é a Germanwings, a empresa que fez o voo?
É uma filial de baixo custo do grupo aéreo alemão Lufthansa, que está prestes a transferir para ela a maioria de seus voos dentro da Alemanha e da Europa. Foi criada pela empresa Eurowings em 2002 e comprada em 1º de janeiro de 2009 pela Lufthansa, que detém 100% de seus ativos. A ideia é ser mais competitiva no mercado de passagens de menor preço.

A Germanwings nunca tinha tido "perda total de uma aeronave", de acordo com um porta-voz da empresa.

Qual era o modelo do avião que caiu?
Um Airbus A320. Até fevereiro de 2015, a empresa alemã Airbus já havia recebido mais de 7.597 pedidos de aeronaves da família A320, tendo entregue 3.889 deles. Atualmente, estão em operação 3.660 unidades, diz a construtora. Veja os detalhes.

Vejo muitos casos de acidentes áereos no noticiário. Está mais perigoso viajar de avião?
Na verdade não. O que acontece é que há mais pessoas viajando de avião e, assim, mais acidentes tendem a acontecer. O ano passado teve um número recorde de passageiros – 3,3 bilhões de pessoas em 27 milhões de voos, segundo um relatório da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

Ocorreram 21 acidentes com mortes no ano passado, mas este número é o mais baixo da história em termos de perdas de aeronaves e número total de voos. Equivale a dizer que houve um acidente para 4,4 milhões de voos em 2014. Leia mais.

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