Economia Defesa do Consumidor

Cooperados rejeitam contas da Unimed-Rio

Na prática, decisão não provoca mudanças nos atendimentos aos beneficiários da operadora

RIO — A maioria absoluta dos 1.317 cooperados da Unimed-Rio que compareceram à Assembleia Geral Ordinária da cooperativa, na última segunda-feira, rejeitou as contas apresentadas pela direção, que registram, em 2014, um prejuízo de R$ 198 milhões, o primeiro resultado negativo em 15 anos. Desse total, R$ 90 milhões deverão ser rateados entre os cerca de quatro mil médicos produtivos da cooperativa, que conta com 5.600 associados. Um fundo de reserva de R$ 108 milhões, constituído justamente para caso de perdas, cobrirá o valor restante.

Em nota, a direção da cooperativa esclarece que o resultado da assembleia “não traz qualquer impacto para o atendimento aos clientes nem para a operação da empresa.” O texto ressalta, ainda, que as contas foram aprovadas “por duas auditorias independentes — Ernst & Young e Walter Heuer — e referendadas pelo Conselho Fiscal da cooperativa”.

— O que mudou foi a percepção dos cooperados em relação à diretoria da cooperativa. A mensagem é simples: os cooperados reprovam esta gestão e querem mudanças — diz Cláudio Salles, cooperado da Unimed-Rio e líder do movimento “Segunda Opinião”, de oposição à diretoria atual.

Uma questão política

A avaliação de fontes do setor é que, realmente, a rejeição foi um ato muito mais político — há polêmicas antigas em relação ao patrocínio esportivo e à construção do hospital próprio, por exemplo —, do que relacionado a aspectos técnicos do balanço.

A Unimed-Rio afirma, inclusive, que o balanço de 2014 “foi rejeitado pelos sócios sem a apresentação de justificativas técnicas necessárias para referendar a não aprovação das contas”.

A assembleia desta segunda-feira deu continuidade à realizada em março, quando deveriam ter sido analisadas e votadas as contas da cooperativa. A reunião, no entanto, foi suspensa no meio e retomada esta semana. Uma nova reunião será necessária para debater o assunto, mas ela ainda não tem data para acontecer, pois não se sabe como os cooperados vão se organizar para apresentar os pontos do balanço em que há discordância e devem ser refeitos.

A Unimed-Rio está sob regime de direção fiscal da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) desde março, processo que tem duração de um ano. Segundo a reguladora, no entanto, o fato de as contas não terem sido aprovadas pelos cooperadoras em nada afeta sua avaliação da empresa.