07/06/2015 08h19 - Atualizado em 07/06/2015 08h19

Na era digital, piauienses trocam cartas e fazem amigos pelos Correios

Projeto Mundo das Cartas valoriza a escrita e a cultura de enviar cartas.
No Piauí, 11 jovens participam do projeto que nasceu no Sul do país.

Do G1 PI

Jovens mantém viva a cultura de se comunicar através de cartas (Foto: Fernando Brito/G1)Jovens mantém viva a cultura de se comunicar através de cartas (Foto: Fernando Brito/G1)

Em tempos de internet, redes sociais, interatividade e tecnologia, há quem ainda mantém viva a cultura de se comunicar através de cartas. É o caso de 11 piauienses e de outros 1.142 apaixonados pela escrita de todo o Brasil que participam do "Mundo das Cartas". O projeto que nasceu no estado de Santa Catarina e ganhou adeptos em todo país, existe há três anos e tem o objetivo de manter a troca de cartas em atividade.

Professora ainda escreve cartas e envia pelo Correio (Foto: Gustavo Almeida/G1)Professora ainda escreve cartas e envia pelos
Correios (Foto: Gustavo Almeida/G1)
Professora faz amizades através de cartas enviadas pelo Correio (Foto: Gustavo Almeida/G1)Paixão pela escrita fez Alyssandria Laudier incenti-
var os próprios alunos (Foto: Gustavo Almeida/G1)

Uma apaixonada em escrever correspondências é a professora Alyssandria Laudier, moradora do bairro Planalto Uruguai, Zona Leste da capital. Mãe de duas meninas, desde 1993 ela troca cartas com pessoas de todo o Brasil. Alyssandria já se correspondeu com brasileiros que moravam no Japão. Em casa, são mais de 150 correspondências.

"Acho muito lindo o costume de conversar com as pessoas de outros estados até para ver a cultura de outros lugares, valorizando a escrita. Para quem sempre gostou de escrever, isso só foi mais um motivo para eu entrar na licenciatura e estudar letras", contou.

Hoje professora, ela incentiva a leitura e a escrita para os alunos. Na era digital, Alyssandria Laudier encontrou pesquisando pela internet o "Mundo das Cartas". No projeto há um ano, ela sempre teve contato com outros projetos de valorização da escrita.

"É incrível que, no tempo da rapidez, com o advento da internet e das tecnologias, e instantaneidade, ainda existem pessoas que param para pensar em uma ideia, escrever em um papel e enviar através de carta para alguém, é muito bonito. Deixar de lado um pouco daquele contato imediato, de ver a foto, e ouvir voz. Conhecer a pessoa só depois", contou.

Outra adepta da troca de cartas como forma de estabelecer amizades é a estudante de psicologia Jéssica Cristine de Carvalho, 20 anos.  Mesmo com tão pouco tempo no grupo - apenas dois meses - , ela já tem trocado cartinhas com pessoas do Sul e Sudeste do Brasil.

A estudante Jéssica Cristine, de 20 anos, é apaixonada pela escrita (Foto: Fernando Brito/G1)A estudante Jéssica Cristine, de 20 anos, é apaixonada pela escrita (Foto: Fernando Brito/G1)

"Eu convidei meus amigos próximos para trocar cartas, porque eu sempre fui apaixonada pela escrita. Nenhum se interessou pela ideia já que há outros meios para conversar, como as redes sociais. Então fui pesquisar na internet algo nesse sentido, e acabei encontrando o projeto", disse.

Jéssica já enviou mais de 10 cartas em apenas dois meses. O hábito, segundo a estudante, não é recente. Na casa da mãe ela mantém uma caixa repleta de cartas ainda da época em que trocava correspondências com os colegas da escola e da rua.

"É uma forma linda de se comunicar com as pessoas, e na escola a gente até fazia competição para saber quem mandava mais cartas. Mas isso hoje está tão esquecido, que as pessoas estão perdendo o costume por conta da internet e das tecnologias. As pessoas deixaram de escrever", contou.

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Jessica Cristine mostra as diversas cartas que tem guardadas em casas (Foto: Jessica Cristine/Arquivo Pessoal)Jessica Cristine mostra diversas cartas que tem guardadas (Foto: Jessica Cristine/Arquivo Pessoal)