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Após cinco pit stops, Nasr celebra pontos nos EUA: "Estamos no lucro"

Brasileiro supera dificuldades ao longo do fim de semana e corrida tumultuada em Austin para chegar em nono e marcar mais dois pontos importantes para a Sauber

Por Direto de Austin, EUA

header livio oricchio (Foto: Editoria de Arte)

Vale a pena somar tudo o que funcionou contra Felipe Nasr, da Sauber, neste fim de semana no GP dos EUA e depois confrontar com o que conseguiu ao fim das 56 voltas da corrida, disputada neste domingo no Circuito das Américas, em Austin, no Texas, prova que garantiu o terceiro título mundial de Lewis Hamilton, vencedor da 16ª etapa da temporada.

Primeiro: Nasr cedeu seu carro, na sexta-feira de manhã, para o piloto de testes da equipe, Raffaelo Marciello. À tarde, não houve treino por causa da chuva. Na sessão livre do sábado de manhã, a quantidade de água que caía no autódromo não permitiu a Nasr completar mais de dez voltas no traçado de 5.513 metros, sendo que apenas quatro procurando entender a real velocidade do modelo C34-Ferrari para aquela condição bastante difícil.

Tem muito mais, ainda: Nasr foi para a classificação, neste domingo pela manhã, ainda sob chuva, tanto que nem o Q3 foi disputado, e deu apenas nove voltas. Não passou do Q1 com o 17º tempo. Quatro horas mais tarde, sem a Sauber poder mexer no acerto mecânico do carro, por regulamento, Nasr alinhou na 15ª colocação do grid, em razão de punições a Kimi Raikkonen, da Ferrari, quinta unidade motriz, e Valtteri Bottas, Williams, troca do câmbio.

Antes da largada em Austin, Felipe Nasr recorreu ao já tradicional cafezinho no grid (Foto: Divulgação)Antes da largada em Austin, Felipe Nasr recorreu ao já tradicional cafezinho no grid (Foto: Divulgação)




Ainda na segunda volta da corrida, Marcus Ericsson, companheiro de Nasr, 14º no grid, ultrapassou o brasiliense, depois de perder a posição na largada. Ao tentar reconquistar a 11ª colocação ocupada pelo sueco, Nasr e Ericsson se tocaram, o que obrigou Nasr percorrer a pista lentamente até chegar nos boxes e substituir o aerofólio dianteiro, destruído no toque. “Cai para último”, disse depois da bandeirada.

A Sauber resolveu arriscar e liberou Nasr para a pista com pneus lisos, para asfalto seco. Ainda havia razoável volume de água no asfalto. Resultado: Nasr teve de voltar para os boxes, duas voltas depois, por estar muito lento e até perigoso. Ele faria, ainda, mais três pit stops, somando um total de cinco. O vencedor, por exemplo, Hamilton, fez duas paradas.

Historicamente, um piloto que passe por tantas dificuldades como Nasr em Austin, desde o primeiro dia e depois se estendendo para a classificação e até a corrida, recebe a bandeirada fora dos pontos, com uma ou duas voltas a menos do vencedor.

Mas Nasr foi o nono colocado no GP dos EUA e somou mais dois pontos no campeonato, chegando a 27. Tem um a mais que Pastor Maldonado, da Lotus, time mais estruturado e de maiores recursos que a Sauber. Acreditar sempre, jamais desistir, essa foi a grande lição que Nasr, em sua primeira temporada na F-1, levou para casa em Austin.

“Verdade, tudo jogou contra a gente nesse fim de semana. O ritmo do nosso carro estava longe dos mais rápidos e eu também preciso de mais quilometragem na chuva”, disse o piloto. “Mas ao longo da corrida as coisas começaram a virar para o nosso lado, como os safety cars.” E foram quatro deles, dois reais e dois virtuais.

Com dois pontos, Felipe Nasr comemora resultado surpreendente nos EUA: "Estamos no lucro" (Foto: Getty Images)Com dois pontos, Felipe Nasr comemora resultado surpreendente nos EUA: "Estamos no lucro" (Foto: Getty Images)



“Tentei fazer o meu melhor, não desisti nunca. Foi, penso, o fim de semana mais difícil para mim (na F-1). Deu para ver nas voltas finais muita gente sofrendo com os pneus e eu tinha ainda alguma reserva”, falou Nasr. “Não posso jogar fora os dois pontos. Estamos no lucro, sem dúvida.”

Sempre que acontece um incidente entre companheiros comenta-se de tudo na F-1. Nasr deu sua visão do toque com Ericsson. “A pista tinha partes mais secas, eu tracionei pior que ele na última curva (no fim a primeira volta) e ele me ultrapassou. Na curva 1, eu coloquei o carro por dentro e ele simplesmente fechou o caminho, e tinha noção de que eu estava lá. Tente de todas as maneiras evitar o toque”, contou Nasr.

“O estrago foi para mim. Ele continuou na corrida e eu tive de fazer uma parada a mais.” O piloto deu a entender não haver culpados. “Cada um tem uma trajetória nessas condições de hoje, fiz a minha e ele a dele. Com certeza ele me viu. Mas não foi nada demais, ele seguiu na prova.

Foi a sexta vez que Nasr marcou pontos, a segunda seguida, a terceira nas últimas quatro corridas. O brasiliense reverteu um momento que lhe foi bastante desfavorável, que se estendeu do GP da Grã-Bretanha ao da Itália, quatro eventos.

Sobre o GP do México, no próximo fim de semana, disse gostar de pilotar em circuito em que ninguém conhece, mas torce para não chover, pois a diferença de desempenho do modelo C34-Ferrari da Sauber para os demais se torna ainda maior.

Felipe Nasr no segundo de seus cinco pit stops ao longo do GP dos EUA (Foto: Divulgação)Felipe Nasr no segundo de seus cinco pit stops ao longo do GP dos EUA (Foto: Divulgação)